Desfecho sobre London’s Grave
Atlan na batalha contra o mascant renegado e os brutais casaros
CICLO MORDRED
11
Desfecho sobre London’s Grave
POR
NILS HIRSELAND
IMAGEM DA CAPA
JOHN BUURMAN
Título Original:
Finale Über London’s Grave
Tradução:
José Anilto
Revisão:
Márcio Inácio Silva
Marcos Roberto
Formatação final para liberação no Projeto Traduções:
Márcio Inácio Silva
Capa em português
Manuel de Luques
Conversão para os formatos ePub, PDF e Mobi:
José Antonio
Publicação não comercial
O projeto Dorgon — ciclo Mordred — é uma publicação não comercial do PERRY RHODAN ONLINE CLUB e. V.
A tradução para o Português do Brasil é feita com autorização de Nils Hirseland.
Perry Rhodan® é uma marca registrada
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Estamos em junho do ano 1290 NCG. Quatro anos e meio se passaram desde o naufrágio da nave de luxo LONDON. Numa época em que a Via Láctea foi atingida por tolkandenses e dscherros, e perigos iminentes ainda estão por vir, as Industrias Shorne construíram uma segunda LONDON.
A nova e moderna nave especial deveria desviar a atenção dos galácticos sobre o desastre e explorar financeiramente o mito em torno da destruição da LONDON.
Embora Michael Shorne tenha sido bem-sucedido em convencer os sobreviventes da catástrofe da LONDON para o voo inaugural, o projeto ganhou inimigos. Mesmo o primeiro voo não estava protegido por uma boa estrela. O arcônida mascant Prothon da Mindros sequestra a LONDON II. Mas ele não é o único perigo. Alienígenas de um povo chamado casaros se infiltram e tem seus próprios planos para a LONDON II. Então acontece o DESFECHO SOBRE LONDON’S GRAVE.
Personagens principais deste episódio:
Atlan – O arcônida imortal precisa salvar a LONDON II de um membro de seu povo.
Rosan Orbanashol – A atraente arcônida está na LONDON II contra a sua vontade.
Wyll Nordment – O agente de Camelot não gosta de receber ordens.
Mascant Prothon da Mindros – O almirante arcônida é movido pelo ódio.
Remus e Uthe Scorbit – Um casal de jovens que apenas quer fazer um cruzeiro.
Michael Shorne – O bilionário deixa que o mito sobre a LONDON reviva.
Joak Cascal e Sandal Tolk – veteranos do Império Solar.
Attakus Orbanashol, Karl-Adolf e Ottilie Braunhauer, Gol Shanning, Franc Kowsky, Traros Polat e Hajun Jenmuhs – passageiros da LONDON II.
A corrida assustadora
Rosan estremeceu o corpo inteiro quando as mãos suadas do gorducho Hajun Jenmuhs a tocaram. Ele a forçara a usar um vestido de seda branco e se deitar na cama. No quarto ao lado, o okrill estava vigilante.
Jenmuhs se deitou ao lado de Rosan e pediu para ela arranhar seu queixo duplo.
— Deixe-me ser seu gatinho — murmurou para ela.
Rosan lembrou-se de repente de Loo. Ninguém se importava com ele. Ela pedira a Jenmuhs para levar o gato consigo. Ele aceitou com relutância, e permitiu que um de seus servos trouxesse o gato, e da Mindros, do mesmo modo, tinha permitido.
Loo aconchegou-se imediatamente em Rosan e ronronou. O encontro com a Orbanashol não tinha sido como Jenmuhs imaginara.
Mas, para conquistar o coração de uma mulher, ela precisava ser agradada. Jenmuhs estava acostumado a ter o que queria. No entanto, isso era estimulante. Contanto que se divertisse, ele cortejaria Rosan.
O gordo estava com fome e tinha trazido peixes. Ele os comeu com apetite voraz. A sua boca cheirava mal. Isso enojava Rosan. Ele começou novamente a tocá-la. Tateou seus seios, desceu a mão mais para baixo, desde o umbigo até as suas partes íntimas.
Rosan estremeceu. A saliva escorria dos cantos da boca de Jenmuhs e ele colocou seus lábios nos dela. Rosan suspirou desgostosa. Loo, aparentemente, sentiu que a sua amada dona estava desconfortável. Ele miou e arranhou Jenmuhs.
— Seu desgraçado! — gritou o gordo arcônida com raiva.
Ele agarrou o belo animal pelas costas e o jogou a um canto.
— Não! — gritou Rosan, e empurrou Jenmuhs para poder cuidar de seu gato.
Hajun revirou os olhos e assobiou para os guardas. Eles agarraram Rosan e a jogaram na cama novamente. Então pegaram Loo e o levaram ao cômodo vizinho, onde estava o okrill. Jenmuhs levantou-se e cambaleou até o okrill. Deu a ele um comando, e ele lançou-se sobre o gato. Antes que Loo pudesse miar, já havia desaparecido na goela do okrill. Jenmuhs divertiu-se com o ocorrido. Em seguida, voltou para Rosan, que estava chorando trêmula na cama.
Jenmuhs estava farto de cortejar Rosan. Agora ele exigiria o que quisesse.
— Guardas, deixem-nos a sós! — ordenou o arcônida gordo.
Ele arrancou as roupas do corpo até que ficasse nu diante dela. Rosan sentia repugnância e de forma alguma queria entregar-se a Jenmuhs. Ela tentou levantar-se, mas Jenmuhs se lançou contra ela.
*
Arbtan era um arcônida e estava orgulhoso de ter sido selecionado para esta operação. Era ainda jovem, e seus pensamentos orbitavam em torno do Pelo Poder e Glória de Árcon, e do cumprimento de seus deveres. Ele havia recebido ordens para manter a vigilância nos geradores de energia. Obstinadamente marchava para lá e para cá. Ele estava ansioso pelo término da operação, quando Prothon da Mindros entregaria a cabeça de Atlan de presente ao imperador.
De repente, ele ouviu um ruído e sons sibilantes.
— Tem alguém aí? Saia agora!
Nenhuma resposta...
As faixas luminosas começaram a piscar e alguns fusíveis do contêiner gravitacional se desarmaram. Ele ativou a sua lanterna e olhou para todos os recantos da sala em busca de sabotadores. Tarde demais ele teve a ideia de solicitar reforços. Diante dele apareceu um ser parecido com uma cobra de cerca de dois metros. Tinha quatro olhos e dois focinhos. Quatro tentáculos serpentearam em torno do arcônida, pressionando seu corpo contra o corpo espinhoso da cobra. Os espinhos venenosos do casaro cravaram-se nele, e então ele morreu...
De todos os cantos, fluíram casaros. Zhjlk coordenou o ataque. Usando um transportador, eles tinham sido capazes de ganhar tempo. Ao contrário dos transmissores dos galácticos, não necessitavam de uma estação oposta. Zhjlk e os outros queriam se vingar. Destruíram o reservatório de energia e a iluminação extinguiu-se. Isso concluiu a primeira parte do plano que tinham elaborado, e agora começaria a matança impiedosa.
*
Jenmuhs estava deitado de costas e roncando alto. Sem dúvida, ele tinha exagerado. Rosan sentia-se suja e abusada. Ainda estava chorando e não conseguia se acalmar.
Quando as luzes se apagaram, Jenmuhs pareceu não notar. Rosan arrastou-se para fora da cama e esbarrou numa cômoda. Um espelho caiu e se quebrou. Rosan pegou uma grande lasca, que poderia lhe servir como arma.
Ela olhou para Jenmuhs.
Facilmente ela poderia matá-lo agora.
Um simples corte em seu pescoço e ela teria vingada a morte de seu gato e seu estupro. Ela caminhou até ele, até estar diretamente à sua frente.
Ela colocou a ponta da lasca de espelho no pescoço dele, mas não prosseguiu. Não era uma assassina. Não podia baixar ao mesmo nível que Jenmuhs. Ela baixou a lasca de vidro. O okrill espirrou alto e Jenmuhs se assustou. Ele viu a lasca.
— O que é isso, sua cadela miserável?
Ele deu um soco nela. Em seguida lançou-se sobre ela e a agarrou. Rosan gritou para que ele a deixasse em paz, mas ele não lhe deu ouvidos.
Então ela pegou a lasca e a enfiou no traseiro gordo de Jenmuhs. Ele guinchou alto e se deslocou para o lado. Tão rápido quanto pode, ela correu pelo corredor e de lá para o convés. Ali estava muito frio. Surpreendentemente, não se deparou com nenhum guarda. Os arcônidas estavam ocupados com outras coisas. Em todos os lugares as luzes estavam apagadas. Somente na ponte de comando havia luz, provida por um gerador de emergência. Rosan estava congelando, pois estava apenas com um vestido branco.
Ela tentou novamente voltar pelo corredor, quando ouviu uma grande explosão. Quando ela tentou ir para o convés C, viu alguns soldados. Um deles estava sem um braço. Ela levantou as mãos, mas eles passaram por ela. Ninguém parecia notá-la. Então ela percebeu o porquê…
A fúria dos casaros
Rosan quase tropeçou nos próprios pés quando parou abruptamente diante do ser alienígena. Ela olhou para o ser em forma de serpente com muitos olhos, que eram de um preto profundo.
— Bom dia… — Rosan disse timidamente.
A sua voz vibrou com o medo. A mestiça arcônida duvidava que ele era um dos reféns na LONDON. Os quatro tentáculos do ser chicotearam o ar. A respiração alta e clara soava como um silvo agudo.
— Você não é muito falador, não é? — ela perguntou, sem esperar uma resposta. Ela queria ganhar algum tempo para encontrar uma solução para seu dilema.
— Galáctica miserável, sinta a ira dos casaros — sibilou a criatura quando se ergueu.
O casaro passava bem umas duas cabeças de Rosan.
— Eu não fiz nada para você. O que você quer a bordo da LONDON? — ela perguntou e olhou em torno, mas nenhum arcônida podia ser visto.
Nem tão cedo ela poderia circular livremente pela nave. Só que este monstro estúpido estava em pé diante dela. Atrás do casaro apareceram mais outros de sua espécie. Alguns portavam armas. Eles eram mais de cem criaturas, até onde Rosan pode estimar. A ex-Orbanashol tinha ouvido falar vagamente da batalha entre a grande nave esférica e a nave trapezoidal. Porém, a destruição da HOZARIUS, e com ela, de quase todos os passageiros, não lhe escapara.
Esses eventos haviam reacendido a esperança. A resistência começou a crescer, houve atos de sabotagem que pioraram tudo. Hajun Jenmuhs ganhou a confiança de alguns resistentes e imediatamente os entregou à faca.
Rosan, ao pensar em Jenmuhs ainda se sentia suja, mas no momento a mestiça arcônida parecia ter problemas bem maiores.
— Falou demais, morra! — chiou o casaro.
Rosan recuou e esquivou-se, e com isso a garra mortal passou raspando. Ela se virou e correu, mas o casaro a alcançou e se colocou diante da meia terrana. Rosan viu o flash de uma descarga de energia que lhe salvou a vida. Imediatamente viu o arcônida que disparara de surpresa contra o atacante atrás de uma das grandes colunas. Rosan atirou-se ao chão e rastejou para a próxima porta, que estava trancada. Ela rastejou até encontrar uma porta aberta. Isso a levou até um centro de fitness. Lá, Rosan estava segura, mas por quanto tempo?
*
— Mascant, temos intrusos a bordo! — relatou Zeronat, exausto. Ele tinha acabado de chegar da batalha que havia sido travada entre arcônidas e casaros no convés D. O orbton estava levemente ferido no ombro direito.
— O que você quer dizer?
— Mascant, eles apareceram de repente no convés D e atacaram nossos guardas. Nós já perdemos sete homens. Eles são esquisitos, como cobras, eu diria. As criaturas lutam com seus tentáculos e com armas convencionais altamente sofisticadas — relatou o jovem arcônida, já razoavelmente recomposto.
Mindros estava visivelmente surpreso, mas manteve a cabeça fria. Ele ainda irradiava a soberania e tranquilidade que um mascant era merecedor. Zeronat admirava essas qualidades.
— Evacuar o convés D imediatamente e vedá-lo. Essas criaturas não podem se espalhar pelos outros conveses — disse ele resolutamente.
Zeronat virou-se e saiu correndo da sala, a fim de cumprir as ordens de seu almirante. Mindros notou os olhares preocupados de Hermon.
— Como chegaram aqui? — ele queria saber.
Mindros operou alguns controles e olhou para o monitor. Ali eram mostrados seres parecidos com cobras que avançavam lentamente na frente de combate pela nave. Ele refletiu por um momento, e então lhe veio uma lembrança súbita.
— São os casaros! O aumento de energia um pouco antes da nave dessas criaturas ser destruída foi de um transmissor fictício. Eles foram transmitidos através do campo paratron e mantiveram-se escondidos até serem descobertos — concluiu ele.
Mais uma vez seu planejamento foi desmontado. Os casaros eram muito perigosos. Ele tinha provas suficientes disso com a destruição do ultracouraçado terrano. Eles tinham que agir rapidamente, senão a nave, e assim todo o seu plano, estaria perdida.
*
Michael Shorne estava sentado em sua cabine, pensativo.
Isso era a única coisa que lhe restara. As suas mãos estavam atadas. O influente bilionário, que poderia comprar tudo e a todos estava impotente. Ele não poderia negociar com Prothon da Mindros, esse era o problema. Caso tudo se dissolvesse no ar, era Michael Shorne que seria responsável pela segurança dos passageiros. Ele teria que enfrentar as inúmeras ações de reparação por danos e a queda de sua reputação. Aparentemente, uma maldição pairava sobre a LONDON. Arno Gaton também quisera ganhar muito dinheiro com a luxuosa e gigantesca nave há cinco anos, mas seu sonho terminara com a morte de 11.023 seres, e ele morrera pouco depois. O mesmo destino estaria predestinado para ele? Se os 19.800 seres a bordo da segunda LONDON morressem? Quem deveria segurar Prothon da Mindros? Atlan era a única esperança, porém o imortal não era mágico. A situação era desesperadora. A resistência a bordo fora derrotada por Hajun Jenmuhs. Shorne amaldiçoou o maldito arcônida gordo por sua traição. Ele teria gostado de estrangulá-lo pessoalmente. Não tinha como piorar mais, e nisso o terrano Thomas Zchmitt entrou na cabine.
— Michael, novos problemas surgiram! — disse ele, exaltado.
O suor escorria em sua testa.
— Mais problemas? O que poderia ser pior? — quis saber Michael Shorne, mas preferia não ouvir a resposta.
Zchmitt explicou que os casaros tinham aparecido a bordo da LONDON. Shorne era um dos poucos que tinham ouvido falar do intermezzo com a VIVIER BONTAINER e os estranhos casaros, porque ele tinha permanecido com Zchmitt na ponte de comando para falar com da Mindros.
O casaro deixara uma impressão perigosa e cruel em sua mensagem de rádio. Com eles, poder-se-ia discutir menos ainda do que com da Mindros.
— Quantos? — perguntou Shorne num sussurro.
— Cem, duzentos, ou até mais. Eles apareceram no convés D, e atacaram. Eles seguramente dominaram o convés — relatou em primeira mão a Shorne.
Shorne pensou por um tempo. Ele tentava ver uma vantagem com o surgimento dos casaros, mas era difícil. Embora os casaros pudessem manter os arcônidas ocupados, no entanto perderiam no final. O melhor na visão de Shorne era se os arcônidas derrotassem os casaros, mas as perdas seriam tão altas que ele poderia pensar de novo numa tentativa de fuga. Explicou a Zchmitt as suas ideias, mas ele não parecia entusiasmado.
— E se os casaros venceram a batalha? Precisamos agora pensar em medidas para salvar nossas vidas.
*
— Todos os homens no convés D deverão sair imediatamente! — gritou o orbton Zeronat.
Com uma formação em triângulo, os cerca de cinquenta soldados se retiraram lentamente. Projetores de campos energéticos foram erguidos em toda parte. Assim que eles deixaram um corredor ramificado, estes foram bloqueados com campos SAE. Apenas uma passagem do convés C para o convés D permaneceu aberta.
Isto deveria servir como um ponto de fuga para os soldados arcônidas. Os sistemas de manutenção vital foram reduzidos ao mínimo, de modo a matar os casaros lentamente. No entanto, a operação prosseguia devagar. Apenas uns poucos casaros os perseguiam pelo caminho. Estes podiam ser abatidos sem esforço. Por enquanto apenas três arcônidas haviam morrido, o que era uma taxa relativamente baixa para uma operação desse tipo.
Zeronat ainda estava preocupado com outra coisa. Os sensores individuais estavam se mostrando ineficientes. Aparentemente, os casaros tinham levantado campos de interferência no convés D para passarem despercebidos. Zeronat não conseguia definir onde exatamente estavam a maior parte dos seres ofídicos.
Os soldados deixaram os corredores e dirigiram-se ao “convés”. Se os casaros tivessem se escondido no convés E tudo teria sido mais fácil. A partir dali, o corredor levava a um convés livre, então as passagens só eram protegidas por uma cúpula de vidro.
Zeronat estava nervoso como nunca estivera antes. Em tantas ações ele conseguira a soberania, mas nunca tivera que lutar contra um povo desconhecido. Ele tinha sido treinado para lutar contra adversários terranos, blues, aconenses. Mas estes casaros não foram cogitados.
Lentamente, os soldados se moveram pelo convés C. As rampas deslizantes e poços antigravitacionais já tinham sido garantidas. Apenas as escadas de emergência não estavam totalmente vedadas. No entanto, isso se daria em poucos minutos. Todos os acessos para o convés E haviam sido selados com campos defensivos. Se algum casaro tivesse escapado, então teria que estar no convés C. Mas, mesmo lá, as passagens já estavam cobertas com campos defensivos. Onde não havia campos defensivos, haviam soldados que disparavam imediatamente em casaros que ousassem se aproximar.
Os sistemas de manutenção vital no convés D foram desligados. Os passageiros da LONDON II só perceberam um pouco dessas ações, porque a maioria estava reunida no convés A e B. Mas cerca de 700 reféns que estavam no convés C puderam observar pelas janelas a movimentação dos arcônidas.
— Aqui é o orbton Zeronat para mascant da Mindros. Nós já dominamos tudo — narrou ele pelo comunicador de bordo.
Foram enviados robôs com granadas de gás para o convés D. Eles descobriram um emissor de interferência e o destruíram. Posteriormente as escotilhas foram abertas e o ar foi sugado. A ação durou cerca de 15 minutos. O escâner individual não mostrou mais nenhuma forma de vida no convés. Zeronat suspirou aliviado.
— Mascant, o convés D está limpo! — relatou ele, satisfeito. Porém, ele ouviu um silvo atrás dele.
— Orbton, um dos robôs relata que encontrou um aparelho que pode ser um transmissor. E foi usado a poucos minutos — disse o sargento.
Zeronat olhou ao redor tremendo. Ele olhou os olhos negros das criaturas que tinham vindo simplesmente com a ajuda de um transmissor que irradiava energia superior. Zeronat não havia considerado que eles tivessem um transmissor fictício.
— Fogo, homens! — Ele gritou a plenos pulmões, e em seguida o mundo transformou-se num inferno.
*
De todos os tubos arcônidas disparavam contra os atacantes. Vários casaros entraram nos feixes de energias, mas eles lutavam habilmente e abriam caminho. Emergiam cada vez mais deles e atacavam os arcônidas pela retaguarda.
O sargento que trouxera a mensagem para Zeronat fora perfurado e dilacerado pelos tentáculos. Zeronat abateu dois deles e tentou reorganizar os soldados. Ele olhou para os reféns, onde eclodiu o pânico. Eles ficaram presos em suas cabines e não conseguiam sair. Estavam à mercê dos casaros.
Um sentimento repentino de culpa dominou o orbton. Ele não poderia simplesmente deixar as pessoas morrerem ali. Era paradoxal, porque a sua verdadeira missão dada por da Mindros era matar os passageiros.
Zeronat correu para o refeitório e abriu a porta. As pessoas correram para fora imediatamente e tentaram colocar-se em segurança. Muitos deles foram pegos pelos casaros e dilacerados. Zeronat nunca tinha visto um povo tão brutal. Apesar de sua alta tecnologia, a ética dos casaros parecia estar num nível muito baixo.
— Perdas? — perguntou a outro oficial.
— Não faço ideia, orbton. Cerca de 100 homens até agora. Precisamos recuar! — informou o oficial.
Estas foram as suas últimas palavras. Um projétil dos casaros atingiu-lhe o rosto. Onde antes havia olhos, nariz e boca eram agora apenas um buraco. Zeronat perdeu o fôlego, mas recuperou-se. Tiros zuniam pela área. O convés C parecia um campo de batalha.
Os arcônidas recuaram para o convés B e construíram uma nova posição de resistência. Os casaros não tinham chegado aos conveses superiores, mas pelo escâner individual Zeronat percebeu que já estavam distribuídos nos outros. Cada vez mais a LONDON II estava nas mãos dos casaros.
*
— Quem libertou os reféns? — perguntou da Mindros com raiva.
Alguns galácticos estavam no convés e queriam cápsulas de salvamento.
— Eu fiz isso, mascant. Eu não podia simplesmente deixá-los morrer — defendeu-se Zeronat, ofegante.
Ele tinha acabado de vir do convés B. O oficial prestava contas a seu almirante. Eles poderiam manter os casaros longe de pontos importantes, mas eles estavam em quase todos os conveses ao redor. Mindros olhou pela janela. O sistema meteorológico fora alterado para o modo normal e a neve derretia. Os casaros eram, aparentemente, seres muito resistentes, pois nem muito calor nem muito frio os afetava.
Os passageiros tinham se juntado no convés A e exigiam que se providenciassem cápsulas de resgate.
— Enxote-os de volta para o Salão das Estrelas e torres — disse da Mindros. A sua ordem foi executada imediatamente. Ele virou-se para Hermon.
— Precisamos entrar em contato com os casaros. Temos de ganhar tempo para descobrir as suas fraquezas. Então vamos dominá-los — disse o almirante do Império de Cristal, determinado a levar a cabo seu plano original.
*
Hajun Jenmuhs fora medicado enquanto isso. Ele tinha pedido a Attakus Orbanashol para acompanhá-lo em seu sofrimento. Attakus tinha pouca compaixão. Ele não gostara particularmente que Jenmuhs tivesse violado Rosan.
Eles começaram a falar sobre os casaros. Jenmuhs tinha ouvido falar pouco das criaturas, mas já queria garantir uma cápsula de salvamento.
— Precisa ver se há cápsulas intactas o suficiente por aqui — ponderou Attakus sarcasticamente.
De repente ouviram alguns disparos. Os reféns foram levados novamente para o grande Salão das Estrelas, mas eles resistiam. Dois passageiros correram até os arcônidas e tomaram as suas armas. Houve troca de tiros.
— Agora o caos irrompe — disse Attakus e olhou para seu amigo aristocrata que laboriosamente se colocava de pé novamente.
— Nós não vamos afundar com esta nave — resmungou com voz rouca.
Ele deu uma piscadela para seu naat, que tinha se armado. O okrill era capaz de combater.
— Os casaros nem vão conseguir chegar perto de nós. Nosso okrill fará um churrasco deles — riu o gordo arcônida.
Attakus não estava tão convencido das palavras de Jenmuhs. Ele tirou uma baforada de seu cigarro e olhou ansiosamente para o espetáculo no convés A adjacente.
— Precisamos chegar rapidamente às cápsulas de salvamento. Existem algumas no convés A, mas a maioria está no hangar. Entretanto, temos dois problemas. No convés A as cápsulas somente podem ser acionadas se a cúpula for aberta. O hangar está sob o convés Z, mas o caminho está abarrotado de casaros.
Jenmuhs acenou com a cabeça, pensativo.
— Vamos usar uma isca. Nós pegamos alguns reféns, e se os casaros nos atacarem, nós jogamos nossos reféns para eles e seguimos sozinhos — sugeriu o gordo arcônida.
Attakus não pode resistir a uma risada. Jenmuhs não era nenhum santo. Ele faria de tudo para sobreviver. Ele também tinha feito muito para sobreviver ao naufrágio da primeira LONDON. Com sucesso! Ele tinha sobrevivido, o que era a única coisa que contava para ele.
— Vamos fazer isto, Hajun!
A atenção de Attakus caiu sobre uma bonita meia terrana que se agarrava exausta no corrimão. Era Rosan. Ele correu para fora e a apoiou, e então a levou para a cabine de Jenmuhs. Rosan estava fraca demais para resistir.
— Então a cadela está de volta — Jenmuhs falou acidamente. Attakus não ouviu esta observação e deu algo para a sua prima beber.
— Pelo Império de Cristal, onde você esteve toda a noite? — ele exigiu uma explicação dela. Ela esvaziou o copo antes de beber.
— Eu mal pude escapar dos casaros.
Então ela viu Jenmuhs e tentou se levantar, mas Attakus a segurava.
— Você vai ficar aqui. Ou melhor, você vem com a gente. Não vou perder você de novo.
Rosan tentou afastar-se de seu primo. — Eu preciso encontrar Wyll, deixe-me em paz.
Attakus deu-lhe um golpe no pescoço e ela caiu inconsciente.
— Desculpe-me — disse ele cinicamente.
— Agora vamos trazer nossos escudos — comentou Jenmuhs e ordenou a seu naat que trouxesse cerca de uma dúzia de reféns. Ele esperava que seu plano desse certo.
Caos na LONDON
Durante várias horas os combatentes da resistência da LONDON sentaram-se em silêncio com os pouco menos de cinquenta membros da tripulação da destruída VIVIER BONTAINER, num armazém situado no convés Z.
Joak Cascal, Sandal Tolk e Wyll Nordment tinham usado esse tempo para conversar. Nordment explicou a Cascal a importância de Camelot e onde estaria os portadores de ativador celular no momento. No entanto, Wyll não podia reprimir seus pensamentos sobre Rosan. A cada minuto ele lembrava que ela estava à mercê de Hajun Jenmuhs. Mas ele não podia fazer nada. Ele estava preso.
Uthe e Remus Scorbit, bem como Timo Zoltan estavam em outro canto e tentavam dormir.
— Se o campo defensivo não estivesse por trás da porta da cela, nós poderíamos tentar provocar um curto-circuito na tranca eletrônica — murmurou Sandal Tolk.
Cascal colocou a mão no ombro do amigo e tentou dar-lhe coragem.
— Estou mais surpreso porque não vi nenhum arcônida há horas — disse ele.
As celas estavam localizadas em porões de armazenamento no convés Z. Os cerca de cinquenta prisioneiros não tinham ouvido nada sobre os casaros até agora.
Depois de algum tempo, a luz começou a piscar e falhou completamente.
— Agora eles querem nos matar! — gritou HaSi.
— Não, parece mais com uma falha de energia. Sandal, verifique se os campos de energia ainda estão ativos atrás da porta — disse Cascal.
Tolk tentou isto chutando a porta. Mas ele sozinho não conseguiu fazê-la ceder. Só junto com um unitro e o cheborparnense HaSi ele conseguiu tirá-la das dobradiças.
Não havia nenhum campo de energia por trás dela. Os prisioneiros saíram da cela. Cuidadosamente, Cascal, Tolk e Nordment avançaram. Nenhum arcônida estava à vista. Numa sala ao lado da cela, as armas dos membros da tripulação da VIVIER BONTAINER estavam trancadas num armário. No entanto, Sandal Tolk demonstrou que isso não era um problema para ele.
Após o bárbaro de Exota Alfa ter amassado o armário, eles se armaram novamente. A luz ainda estava apagada, somente a luz vermelha de emergência ainda estava acesa.
— Deve ter acontecido algo — sussurrou Cascal.
Ele sentiu que algum perigo estava no ar. Não precisava ser nenhum mutante para isso. Aparentemente alguém tinha alterado os sistemas de suporte à vida. Eles examinaram o convés demoradamente, mas não detectaram nada de anormal.
Depois eles foram ao convés superior. Nesse convés parecia não haver nada diferente. As luzes estavam apagadas, apenas as luzes vermelhas permaneciam iluminando escassamente o convés. O dispositivo antigravitacional não estava funcionando, então eles tinham que avançar laboriosamente para o convés A, o que levaria um bom tempo.
*
— Os casaros mantêm os geradores principais sob controle — relatou Hermon, preocupado.
Mindros sabia que a sua margem de manobra estava cada vez menor. Os casaros espalhavam-se a bordo da nave e ninguém tinha podido evitar isso até agora. Ele ainda tinha cerca de 500 arcônidas a bordo, incluindo muitos da HOZARIUS que havia sido destruída, no entanto, não representavam maior ajuda.
Na parte superior, os quatro primeiros conveses estavam agora em silêncio. No entanto, os casaros dominavam os conveses de E a X. Da mesma maneira, tinham o controle das casas de máquinas e dos geradores. Isso parecia bastante sombrio para as tropas de da Mindros, e também para os galácticos.
Hajun tinha tomado vinte reféns e foi com eles para o convés E. De lá, faziam seu caminho lentamente para baixo. O arcônida gordo montava em seu okrill, e era escoltado por quatro naats e dez de seus guardas. Attakus Orbanashol e Rosan Nordment andavam atrás do okrill. De um lado e de outro do grupo, dez reféns enfileiravam-se como proteção. Rosan sentia pena dessas pessoas desafortunadas. Ela queria poder fazer qualquer coisa, mas nem Jenmuhs nem Attakus lhe davam ouvidos.
— Quanto mais nós penetramos no interior da nave, maior a umidade — comentou Attakus.
Jenmuhs também havia notado, mas ele parecia ter a sua atenção mais voltada para Rosan. Ele ainda olhava para ela com desejo. Ela estava incomodada com estes olhares. De repente os galácticos da frente do grupo pararam.
— O quê? Porque essa porcaria não caminha? — perguntou Jenmuhs.
— Vossa Alteza deveria ver isto — disse um dos guardas.
Os corredores do convés G estavam completamente cobertos de uma massa de cor roxa. Ela aderia às paredes, aos móveis e aos pisos. Ela era macia e tinha um aspecto viscoso. Lentamente o grupo avançou.
— Nós devemos voltar — aconselhou Rosan.
Porém Hajun Jenmuhs riu dela. Ele ativou seu equipamento e colocou música clássica de Árcon em alto volume. — Nós não temos que alertar os casaros, seu idiota — repreendeu Attakus, e tentou desligar o equipamento, mas recebeu um chute de Jenmuhs.
— Não se atreva a fazer isso! Isto também está a nosso favor. Não há ninguém aqui, é completamente seguro — disse ele confiante.
Attakus pôs-se de pé novamente e levantou as mãos suavemente. Jenmuhs era, sem dúvida, insano, e estava piorando cada vez mais. Agora também perdia contato com a realidade. Orbanashol foi até a sua prima e passou secretamente um radiador para a sua mão.
— Eu quero que você tenha uma chance — ele disse a ela.
Rosan parecia confusa.
— Por quê?
— Porque você é uma Orbanashol — respondeu ele.
Attakus voltou para Jenmuhs e começou a conversar com ele. Ele agia como se não tivesse entendido o que Jenmuhs disse a ele, e então colocou o equipamento num volume um pouco mais baixo. Inteligentemente o Orbanashol tinha atingido a sua meta. O grupo parou novamente quando chegou em frente a uma câmara que fedia horrivelmente.
Dois guardas entraram e saíram imediatamente vomitando. Jenmuhs desmontou de seu okrill e entrou junto com Attakus e Rosan na câmara. Havia restos de alguns seres humanos. Se eram terranos, arcônidas, aconenses, já não era possível reconhecer.
— Uma espécie de armazém — ponderou Jenmuhs. Rosan levou a mão à boca e saiu imediatamente do lugar.
— Sim, eles precisam de comida. Aparentemente eles não têm nenhuma preocupação em comer seres inteligentes — disse Attakus com nojo.
Eles deixaram aquele lugar horrível e atingiram o convés M. Até agora não tinham topado com nenhum casaro, mas sentiam um medo profundo nos ossos. Ainda havia um longo caminho até o hangar e parecia cada vez mais distante. Eles chegaram a um salão que parecia ter sido um refeitório antes. No meio, havia alguns latões de lixo grandes com ovos.
— Oh Deus, eles têm descendentes — observou Rosan, assustada. Por algum tempo houve silêncio na sala.
— A LONDON está perdida. Ninguém além de nós vai escapar — ponderou Attakus Orbanashol.
Ele pediu para que seguissem em frente, mas o okrill de Jenmuhs resmungou alto. Ele parecia estar com fome. Jenmuhs desmontou e deu alguns ovos de casaro para ele.
— Você está louco? Eles definitivamente não gostarão disso! — gritou Attakus.
Ele continuou, assim como os outros. Jenmuhs apenas riu com desdém e chutou um pequeno ovo. Um líquido e um embrião morto escorreram a partir de uma abertura.
Em seguida três terranos desapareceram. Outro também pareceu desaparecer, mas um naat o segurou. Attakus apontou a lanterna para o lugar e viu um casaro que pendia do teto e tinha agarrado o terrano. Ele imediatamente disparou contra a criatura. Mas agora de todos os lugares apareceram seres ofídicos.
— Corra, Rosan! — ele gritou e saiu em disparada.
Os reféns foram imediatamente dominados e sequestrados pelos casaros. Provavelmente agora eles serviriam como alimento. Os naats tinham uma força superior, mas também foram rasgados em pedaços, mesmo que tivessem levado alguns casaros para a morte. Jenmuhs partiu com seu okrill e conseguiu abrir caminho através dos casaros. A guarda de Jenmuhs teve o mesmo destino que os naats.
Rosan correu sem saber exatamente para onde estava indo. Já tinha perdido Attakus Orbanashol de vista há muito. Assim como Hajun Jenmuhs. Bem no fundo ela esperava que o rico arcônida já estivesse morto. Ela foi até um poço antigravitacional desativado e desceu pelas escadas de emergência até que chegou ao convés W. Lá, o poço estava selado. Então teve que voltar pelos conveses até chegar ao X.
Rosan estava respirando pesadamente e tremendo de medo. Ela não sabia o que tinha acontecido com Attakus nem com Jenmuhs, mas, em última análise, não importava mais. Ela esperava encontrar Wyll. Ele devia estar detido no convés Z. Não seria a primeira vez que ela tivera de resgatá-lo de lá. Ela rezava para que nada tivesse acontecido. Atrás dela, Rosan ouviu um ruído que soava como um assobio. Ela fugiu e começou a correr depressa, mas aparentemente ninguém a seguia. Ela fez uma pausa e respirou fundo. A massa estranha não estava mais presente no convés X. A mestiça arcônida se sentou num banco e tentou tranquilizar-se. Havia um silêncio de morte. Lentamente ela desejou ter pelo menos Attakus Orbanaschol a seu lado. Até mesmo isso seria melhor que os corredores sombrios da LONDON II.
De repente, alguém a tocou por trás, ela virou-se e puxou seu radiador.
*
Attakus Orbanashol disparou contra um casaro que desabou sem vida. Ele não mais poderia desfrutar de toda a sua imensa fortuna. Agora estava por sua própria conta. Ele desceu as escadas para chegar ao fundo dos conveses. Ele tropeçou e caiu por baixo dos degraus. Quatro deles estavam faltando na escada de aço, provavelmente tinham sido arrancados durante uma batalha. Attakus caiu no fosso do andar de baixo e bateu com força no chão. O arcônida gritou. A sua perna direita estava quebrada. Ele arrastou-se por alguns metros, e já havia alguns casaros diante dele.
— Eu... eu... sou influente e tenho poder. Vocês precisam de mim... ouçam... vocês precisam de mim... — ele gaguejou.
Era uma patética tentativa de salvar a sua vida. Um dos casaros serpenteou em direção a ele.
— Nós temos a nave sob nosso controle, alimentamo-nos de vocês e temos uma descendência prestes a eclodir uma nova tripulação. Diga-me, arcônida, por que precisamos de você?
Attakus começou a tremer. Ele olhou nos olhos do casaro que o desprezava e tirou seu radiador térmico, mas antes que pudesse atirar, a mão de Orbanashol foi segura por um dos tentáculos em forma de foice.
Attakus gritou. Ele viu quando outro casaro lentamente se aproximou. Aflito, ele gritou: — Pelo Poder e Gloria de Árcon! — Depois outro casaro lançou-se sobre ele e acabou com a sua vida. Agora a LONDON também havia se tornado seu destino.
*
— Quieta, Rosan! Sou eu, Wyll! — O homem gritou para ela e segurou-lhe a mão para que ela não atirasse.
Rosan resistiu no início, mas em seguida o reconheceu, e baixou a arma. Wyll carinhosamente a abraçou. Rosan soluçava em seu ombro.
— Eu estou tão contente em ver você de novo!
Rosan relatou o que havia acontecido com ela. A parte do estupro, no entanto, ela contou apenas para Wyll. Era difícil para Nordment se controlar. Acima de tudo, ele queria procurar Jenmuhs, mas havia outros problemas.
Rosan informou a intenção de Jenmuhs de ir em busca das cápsulas de salvamento.
Uma fuga foi discutida, mas rejeitada. Joak Cascal, o ex-coronel do Império Solar resumiu a questão: — Nós somos a última esperança para as cerca de 20.000 pessoas a bordo. Os arcônidas não vão fazer o mínimo esforço para salvá-las. Eles também não podem se manter indeterminadamente, então temos que entrar novamente neste jogo.
*
Prothon da Mindros já tinha elaborado um plano para o contra-ataque. Arcônidas com SERUNs deveriam prosseguir com radiadores térmicos e lançadores de ácidos e empurrar os casaros para trás. Ele esperava se tornar novamente dono da situação que estava saindo de controle. Os reféns eram guardados rigorosamente. Ele não queria uma guerra em duas frentes de nenhuma maneira. Traros Polat tinha tentado uma vez persuadir Prothon da Mindros a cooperar, mas o halutense percebeu que da Mindros não tinha interesse.
Isso agravou muito a situação dos prisioneiros. Michael Shorne tentou impedir o pânico, porém os reféns estavam cada vez mais com medo. Eles estavam a ponto de quebrar. Como não havia nenhum campo de energia, mas apenas guardas armados, muitos estavam dispostos a assumir o risco. Michael Shorne sabia, porém, que isso pouco ajudaria os prisioneiros. A sua situação era desesperadora, ou quase isso.
Mas Michael Shorne não podia fazer nada contra o ataque renovado dos casaros, e os nervos dos passageiros estavam ainda mais tensos. Traros Polat se colocou ao lado de Shorne e tentou acalmar as pessoas, porém eles estavam envenenados, um veneno chamado medo! Eles simplesmente não queriam perder a vida. Também parecia que o halutense não seria capaz de pará-los. Ele não queria ver os galácticos feridos, então finalmente se retirou. A multidão abriu seu caminho através das portas fechadas. Elas não eram um obstáculo para muitas pessoas, especialmente os oxtornenses, que estavam envolvidos no surto. Os arcônidas nem sequer tentaram ativar os emissores, o que teria matado imediatamente os oxtornenses e halutenses.
Agora irrompia o caos total a bordo da LONDON. De um lado, os casaros atacavam. De outro, os passageiros da nave. Mindros disparou contra tudo e todos, a fim de manter a sua posição no convés A. Ele adiou seu plano de ataque, porque os passageiros estavam no meio. Para os casaros, uma boa oportunidade de pegar alguns passageiros como presas. Eles foram caçados como animais.
Flocky Tar Faw tirou a câmera da caixa e queria filmar o espetáculo. Ele esperava, caso sobrevivesse à viagem, iniciar uma grande carreira. Eram imagens terríveis, que agora estavam gravadas em trivídeo. Flocky viu quando uma criança foi morta por um casaro. Horrorizado, ele baixou a câmera. Tais imagens não deveriam ser divulgadas. O casaro empinou-se diante dele e arrancou a câmera de sua mão. Em seguida, pegou o ferrônio e empurrou-o contra a parede. Tar Faw perdeu a consciência.
Traros Polat tentou acalmar novamente os passageiros e juntá-los, mas cada vez mais deles eram raptados pelos casaros. Ele não conseguia descobrir porque os casaros queriam os galácticos vivos agora. O halutense não sabia que eles tinham a intenção de alimentar a descendência dos seres ofídicos com eles.
Após cerca de uma hora, a paz tinha voltado para os quatro conveses superiores. Os casaros tinham suspendido seus ataques depois de terem matado muitos arcônidas e levado muitos mais passageiros. Traros Polat estimou um número de sequestrados em cerca de 4.000 galácticos. Cerca de 200 passageiros perderam a vida nos últimos sessenta minutos. Os Braunhauer também tinham desaparecido. Polat suspeitava que ele tinha sido feito prisioneiro dos casaros porque seus corpos estavam faltando. O halutense não sabia se deveria sentir pena do Braunhauer ou dos casaros.
*
— Por favor, mais devagar. Meu marido é cerca de cento e um por cento incapacitado — lamentou Ottilie Braunhauer, indignada.
Os casaros não deram ouvidos às palavras. Eles incitaram o velho casal, e então eles correram mais rápido. Mas Karl-Adolf gingava ainda mais no seu lento caminhar de pinguim. Um casaro ficou impaciente e assobiou ameaçadoramente, quando o velho terrano virou-se e levantou o punho.
— Eu estou avisando! Ele injetou insulina. Se alguma coisa acontecer, eu vou fazer com que você pague por isso.
O casaro empertigou-se e emitiu um ruído com cara de espanto.
— Continue! — ele assobiou.
Os Braunhauer continuaram. O ser ofídico serpenteou diante deles e olhou para o outro grupo de prisioneiros. Porém estes já estavam muito mais à frente.
— Mais rápido, terrano. Temos sido tão lentos que perdemos os outros — disse o casaro com raiva.
Ele cutucou Karl-Adolf, que parou de vez.
— Eu preciso de tempo.
— Você tem apenas dez unidades de seu tempo, terrano — disse o casaro, irritado.
— Mas eu preciso. Eu sou simplesmente velho, preciso descansar com frequência.
O casaro grunhiu hostil e deu ao velho uma pausa para descansar.
Ottilie Braunhauer aproveitou a pausa para contar algumas histórias de sua juventude. Mesmo depois do intervalo, ela começou a contar sobre eventos de pouco interesse.
— Você sabe, véspera de Ano Novo de 1201 NCG, porque tínhamos comemorado com os Bohmar. Nós quisemos sair da companhia naquele momento para entrar no ramo imobiliário. Papai tinha na época algo como um... um... bem... como se chama, então? Você sabe? Na verdade, eu não tenho certeza...
O casaro olhou fixamente e não disse uma palavra.
— Oh, sim, empresa era a palavra! Então papai tinha na época uma empresa, não era? Mas nós queríamos vender e alugar casas. Por isso tínhamos convidado os Bohmar para um jantar em Waldkirch, mas era véspera de Ano Novo e eles não queriam saber disto e quiseram seduzir papai. Então eu atirei batatas fritas neles.
— Batatas... — o casaro repetiu em voz baixa.
— Mas papai me ameaçou com uma faca, mas a culpa era de fato dos Bohmar. Nós os convidamos para comer em Waldkirch! Portanto nós também perdemos o contato.
Havia muito poucos conveses abaixo deles e, ao ritmo dos Braunhauer demoraria horas até que chegassem às despensas. Ottilie Braunhauer estava cada vez mais tagarela.
— Eu disse que nós os tínhamos convidado para comer em Waldkirch?
— Waldkirch, waldkirch, waldkirch... — repetia o casaro num tom estranho.
Depois de três horas, eles estavam dois conveses adiante e Ottilie Braunhauer falava do natal em que eles tiveram que cozinhar couve, quando o casaro gritou de repente bem alto. Ele jogou a sua arma fora e enrolou-se duas vezes. Seu suprimento de ar tinha sido cortado, e assim ele morreu.
— O que houve com ele, papai? — perguntou Ottilie.
Karl-Adolf aproximou-se lentamente do casaro e o cutucou várias vezes com o pé. Ele pensou por um momento.
— Eu acho que ele está morto — disse ele.
— Mas por que isso? Estávamos numa conversa tão agradável. Na verdade, um belo jovem, só que um pouco quieto. Aparentemente até mesmo nervoso. Talvez ele devesse tomar uns comprimidos...
Luta contra os casaros
Cascal e seus companheiros cruzaram lentamente o convés Z.
Seu objetivo era chegar até os geradores de campo defensivo para desabilitá-lo. Nem Prothon da Mindros nem os casaros desabilitariam o campo defensivo voluntariamente, então ele tinha que desligá-lo ou destruí-lo. Havia cápsulas de salvamento suficientes a bordo para iniciar uma evacuação.
Estava claro para Joak Cascal que isto não seria sem derramamento de sangue, mas ele não tinha alternativa. A vida da maioria dos reféns corria sério perigo. Os casaros eram mais intransigentes do que os soldados de da Mindros. No íntimo, o terrano esperava que a RICO estivesse por perto quando o campo defensivo fosse extinto, e assim poderia intervir nos eventos.
As seções após o convés Z estavam cobertas com a massa gelatinosa roxa, como agora, no convés X.
Isto significava que os casaros estavam usando estas áreas como câmeras de armazenamento de comida ou como berçários. Cascal dividiu seus companheiros em três grupos. Os menos combatentes deveriam esperar no convés Z. Os membros da tripulação da VIVIER BONTAINER iriam para o hangar para deixar as naves em condições de operação, enquanto Cascal, Tolk, Nordment e o cheborparnense HaSi iriam para os geradores.
Herrod enviou seu relatório depois de algum tempo. — Senhor, atingimos os hangares. A massa gelatinosa foi espalhada em todos os lugares. Uma coisa desagradável — Cascal ouviu a voz de Herrod narrar através do intercomunicador.
— As naves estão em ordem? — quis saber o veterano do Império Solar.
— Sim, senhor. As naves parecem estar incólumes... espere um minuto...
— O que foi, Herrod?
— Merda...
— Informe!
— Senhor, há centenas de ovos nas naves. Pulsam de modo estranho.
Cascal teve um mau pressentimento. Também Tolk tinha uma expressão pensativa.
Ele sugeriu queimar imediatamente os ovos. Joak concordou com a proposta e deu a Herrod e seus homens a ordem. Imediatamente a equipe iniciou a destruição dos descendentes dos casaros. Os ovos que não estavam na nave eram queimados com radiadores térmicos. Os outros deveriam ser desintegrados, assim o equipamento da nave não seria severamente danificado. Joak Cascal e os outros três ainda estavam a quase dois conveses de distância dos geradores, quando outra mensagem de rádio de Herrod os alcançou.
*
— Aqui é Herrod, senhor! Isso é horrível...
O oficial não queria acreditar no que via. Alguns passageiros da LONDON estavam embrulhados embaixo da camada de muco. Aparentemente eles serviriam como alimento para os recém-nascidos.
Herrod relatou imediatamente o ocorrido a Cascal. Ele também estava chocado com isto. O oficial foi devagar até uma mulher que ele considerou extremamente atraente. Ele achou que era uma pena que ela estivesse morta. Mas a mulher abriu os olhos. Assustado, o soldado do Império Solar recuou e chamou algumas pessoas para junto de si.
Os oficiais Jackson e Arnold também chegaram perto. — Ela ainda está viva — disse Arnold convicto.
Também o oficial de controle de artilharia quis ver isto.
— Que horror, eles ainda podem estar vivos quando forem comidos — disse ele amargamente.
O euro-terrano estava com o rosto completamente pálido. Em todos os lugares, galácticos vivos estavam pendurados nas paredes. Herrod engoliu em seco, e tomou uma decisão.
— Espere, senhora. Nós vamos retirá-los daí. Tudo vai ficar bem! — ele disse à terrana.
Ele deu ordens para recortar o invólucro, e os ovos começaram a pulsar cada vez mais. O soldado Timmer correu para avisar Herrod sobre o que ocorria.
— Droga! Queimem os ovos, depressa! — Ele gritou para a equipe com os lança-chamas.
Timmer ativou um lança-chamas e caminhou em direção a um dos ovos, mas já era tarde demais. De um dos ovos eclodiu um casaro de uns noventa centímetros de comprimento e uns dez de diâmetro. Timmer começou a tremer e focou olhando para o ser, que de repente pulou para fora do ovo e mordeu a barriga dele, perfurando-a.
O jovem terrano gritou e caiu no chão. O filhote de casaro tinha comido através do estômago e pulou para fora pelas costas do terrano. Ele se arrastou para outro ovo, mas foi morto a tiros pelos soldados.
Timmer ainda estava gritando. O sangue corria de sua boca. Alguns dos soldados não podiam suportar o grito de lamentação horripilante do terrano. Um paramédico e Herrod tentaram conter a ferida, mas as estranhas escorriam pelos lados. Timmer gritava que queria ir para casa e não morrer ali. Ele gorgolejava e respirava com dificuldades em curtos intervalos. Convulsões o dominaram. Em desespero, agarrou-se ao braço de seu superior. Mais uma vez gritou que queria ir para casa. Herrod quase não podia conter as lágrimas. O médico balançou a cabeça. Herrod sacou o radiador térmico e acabou com o sofrimento do soldado.
Houve um silêncio na sala por algum tempo. Herrod tinha disparado contra o soldado, mas não fora um assassinato. Tinha sido um alívio para ele. Nada mais poderia salvá-lo, e a única coisa que o oficial poderia fazer era encurtar o sofrimento de seu comandado. Herrod condenou os casaros.
Quase ao mesmo tempo, os ovos estouraram e de todos os lugares filhotes de casaros de noventa centímetros se arrastavam para fora deles. Eles eram extremamente agressivos e imediatamente passaram a atacar os soldados.
— Saiam daqui! — Herrod gritou para seus homens. Ele olhou para a mulher que estava meio liberta. Pegou uma faca energética e cortou os últimos fios que a prendiam. Ouviu gritos atrás dele. Um dos seus soldados estava sendo estraçalhado por um dos filhotes.
— As feras estão com fome, senhor. Temos que desaparecer, caso contrário vamos ser consumidos como café da manhã! — disse Randolf Schmitt.
Ele segurava uma arma bastante compacta em suas mãos e disparava contra as criaturas. Cada um dos tiros ele complementava com um grito.
Mas atrás dele apareceram três casaros. Eles saltaram rápidos em suas pernas e o morderam até arrancar a sua rótula direita. Gritando, ele caiu no chão e continuou a disparar contra os agressores. Ele pode conseguir abater os três casaros, mas cada vez mais deles arrastavam-se para o euro-terrano ferido, até que já não podia mais afastar os atacantes.
Um caos profundo começou. Houve tiros em todos os lugares. Casaros sem vida caiam no chão, mas também o grupo de terranos estava cada vez mais dizimado.
— Senhor, Schmitt está morto! — gritou Arnold, que lançou vários detonadores térmicos nos casaros.
Ao lado dele, um de seus homens foi partido em duas partes. Em pânico, ele disparou contra as criaturas rastejantes. Ele podia ver cinco delas, mas atrás surgiu um casaro adulto que se lançou sobre ele. Ele apenas desarmou o oficial, deixando que seus filhotes satisfizessem a fome.
Herrod informou a Cascal sobre o ataque surpresa. Joak Cascal ordenou imediata retirada, mas o primeiro-oficial da BONTAINER já não podia mais coordenar uma retirada ordenada. Cada um dos soldados lutava por sua própria sobrevivência. Entretanto, a batalha parecia estar perdida. Os filhotes de casaro se lançavam sobre os soldados e os estraçalhavam. Os terranos que conseguiam se livrar das pequenas criaturas, eram derrotados pelos casaros adultos.
Herrod tinha chegado perto da saída com, talvez, cinco soldados. A terrana libertada ainda estava com eles.
— Nós temos que ir lá para cima — Ele disse a ela.
Ele rapidamente a ajudou a subir. Ela se afastou da grade e se arrastou para um compartimento amplo, Herrod veio imediatamente depois. Jackson os quis seguir, mas os casaros foram mais rápidos. O terrano nem mesmo notou como ele morrera.
— Mais rápido! — Herrod instigou a terrana que se arrastava para se salvar. Mas os casaros já o seguiam. — Eles estão atrás de nós! — gritou em alto volume.
Ele ativou seu escâner individual tentando encontrar uma saída, mas o escâner mostrou que os casaros tinham se antecipado. Eles estavam cercados. Ele informou isto à mulher.
Eles pararam e atiraram no casaro que se aproximava. O destino deles estava selado, mas o terrano não queria sofrer a mesma morte cruel como a dos outros, como alimentos dos filhotes de casaros. Ele ativou seu último detonador térmico e segurou-o na mão. A mulher olhou para ele com seriedade e colocou as suas mãos em torno das dele. Antes que os casaros se lançassem sobre os dois, eles explodiram.
*
— Ah, meu Deus! Eles estão mortos...! — observou Cascal, horrorizado.
Ele caiu no chão e escondeu o rosto entre as mãos. Sandal Tolk também não tinha palavras. O bárbaro de Exota Alfa agachou-se silenciosamente sobre uma caixa e fitava o vazio. Seu longo arco estava a seus pés. Wyll Nordment podia apenas supor o que os dois sentiam. Eles eram os últimos de uma época remota. Todos os seus companheiros da VIVIER BONTAINER tinham morrido. Os imortais eram as únicas pessoas que Tolk e Cascal ainda conheciam. Nordment achava que o inteligente terrano e seu amigo de Exota Alfa fariam todos os esforços para encontrá-los novamente. Os dois não se dariam por vencidos, com certeza. Sandal Tolk demonstrou isso alguns minutos depois. Ele se levantou e gritou a frustração da alma. Ele pegou a caixa e a atirou contra a parede, e então armou-se com o arco e bateu no ombro de Cascal.
— Vamos, Joak! Nós vamos torrar estas criaturas.
Cascal olhou para o gigante e esfregou os olhos. Ele assentiu imperceptivelmente e se levantou. Fez um breve contato visual com Nordment e HaSi. Estes confirmaram a sua disponibilidade para a ação.
— Então vamos acabar com eles — disse Cascal resolutamente.
Neste momento a escotilha se abriu, e uma figura saltou para dentro do armazém. Cascal quase abriu fogo, mas reconheceu a figura.
— Gunnie! — Ele gritou — Cara, como você conseguiu isso, Gunnie?
A figura cambaleou e caiu no chão. Ainda assim ele tentou virar de lado de maneira a proteger o embrulho que trazia amarrado a seu peito.
Ele rapidamente se inclinou para a mulher prostrada para examinar o embrulho mais atentamente. Depois de puxar alguns pedaços de pano para o lado, ele olhou nos dois olhos azuis que piscavam cheios de medo.
A analista dos sistemas de armas da BONTAINER tinha se erguido um pouco enquanto isso, e mantinha um braço protetor diante do embrulho em seu peito. Só agora Cascal pode observar mais de perto. A grande mulher estava sangrando em várias feridas profundas, que vieram provavelmente da boca de um casaro. Um corte profundo que começara a se fechar, mas dividia todo o lado esquerdo de seu rosto. Em sua mão livre segurava uma arma robusta desconhecida para ele. Seu uniforme estava rasgado, e ela tinha feito uma espécie de carregador de pano com os pedaços, onde tinha acomodado uma garotinha diante de seu tórax. Cascal ofereceu a mão para ajudá-la.
— Vou perguntar novamente, tenente Shekko, como conseguiu isso?
Nesse meio tempo, a meio ertrusiana havia se levantado e respondeu:
— Eu sou a única sobrevivente, chefe, a única! E a menina, é claro. Em última análise, ela que me deu a força e coragem para percorrer meu caminho através de centenas de bichos cobra. Você sabe, chefe, que dei minha palavra à mãe dela que iria mantê-la em segurança. Isto me manteve viva, e é claro, minha Gunnie aqui.
Com isto, ela bateu na pesada arma que estava pendurada por uma correia em seu ombro.
*
Os cinco resistentes rastejaram até os geradores de campo defensivo, que estavam, entretanto, guardados por alguns casaros. Tolk eliminou três deles à sua própria maneira. Ele se aproximou devagar e silenciosamente por trás, para então agarrar a criatura e cortar a sua garganta. Outros dois, ele eliminou usando arco e flecha.
— O caminho está livre — informou o bárbaro a seus companheiros.
Nordment e Cascal fizeram a sua parte. Eles rapidamente se familiarizaram com os dispositivos e começaram a desligar os campos defensivos individuais. Os campos defensivos foram desativados um após outro, até que a LONDON II estivesse desprotegida no espaço. Entretanto, Cascal queria ter certeza de que não seriam novamente ativados nem pelos casaros nem por da Mindros. Instalou uma bomba térmica na sintrônica do campo defensivo, de modo que para reativá-los novamente, teria que ser introduzido um código específico, que apenas Cascal conhecia. Se não fosse feito isso, a bomba explodiria. Se os casaros fossem capazes de desativar esse controle, entrava em ação uma segunda bomba térmica que podia ser controlada por ignição remota. O ex-agente da Segurança Solar demorou 24 minutos para executar as modificações necessárias nos controles.
Ele ativou seu hipercomunicador e acionou uma chamada em busca de ajuda.
Joak Cascal para Atlan na RICO.
A LONDON está sem campos defensivos. Precisamos de ajuda porque há alienígenas perigosos a bordo. Um caos total eclodiu a bordo. Ataque!
O terrano veterano esperava que a RICO recebesse essa mensagem rapidamente. Após a ação, as quatro pessoas voltaram novamente para os outros. Agora era a hora de esperar por ajuda.
Aliança perigosa
O cão parou imediatamente quando ouviu o apito estridente. Somente o próprio animal era capaz de receber estas frequências. Para a maioria dos seres humanos e galácticos, estas notas altas não eram ouvidas. Também havia algumas exceções para algumas determinadas espécies da Via Láctea.
Ernst Volbecek era o orgulhoso proprietário da matilha de cães farejadores wauzis. A matilha wauzi consistia em dez cães soberbamente treinados e capacitados, geralmente com pedigree terrano. Havia também raças arcônidas e de planetas arcônidas, mas os cães terranos eram dóceis e bastante apropriados para o adestramento. Os cachorros seriam utilizados principalmente em terrenos acidentados para encontrar quem estivesse em dificuldades. Lugares que eram difíceis de alcançar por robôs ou pessoas. Da mesma forma poderiam ser usados para outras coisas, com discernimento necessário onde os escâneres ou sensores falhavam ou forneceriam informações insuficientes.
Ernst Volbecek vivera durante trinta e um anos em Camelot e treinara os wauzis por vinte e sete anos. Cada cão era como um filho para ele. Ele havia treinado comandos especiais com o apito de chamada de cachorros. Eles obedeciam as suas palavras, e também foram treinados para não atacar nenhum ser humano.
Volbecek sabia que seus cães poderiam não desempenhar um papel importante na perseguição da LONDON. Estavam precisando de estrategistas e combatentes. Portanto, Volbecek presumiu que passaria um tempo sossegado.
*
Atlan suspirou aliviado quando recebeu a notícia de Joak Cascal. Agora ele estava convencido de que era realmente o terrano do Império Solar.
A RICO estava apenas a alguns anos-luz da LONDON II e tinha encontrado os destroços da VIVIER BONTAINER no espaço vazio. Isto convenceu o arcônida que era de fato Joak Cascal. No entanto, sentiu-se culpado por ter hesitado muito tempo, e agora tinham chegado tarde demais para ajudar a VIVIER BONTAINER.
Era bom saber que Cascal, e com toda probabilidade também Sandal Tolk, tinha sobrevivido. Como ele fizera para chegar ao século 13 NCG era um mistério, e ele aguardava ansiosamente pela narração dos fatos.
A libertação da LONDON, porém, ainda era a prioridade. Aparentemente da Mindros não era o único perigo, mas também alienígenas, os quais Cascal não tinha sido referido precisamente.
“Poderia ser uma emboscada”, advertiu seu sentido extra, por precaução.
“Eu não acho”, Atlan respondeu em pensamento.
“A fé é uma coisa para sacerdotes, bárbaro”.
“Fique quieto!”
O arcônida aos poucos não dava mais ouvidos a eterna desconfiança de sua ARK SUMMIA. Seus conselhos eram frequentemente muito valiosos, mas Atlan achava que seu sentido extra, por vezes, o tratava como um idiota. Atlan concentrou-se em coisas mais importantes. Deu ordem de partida para as coordenadas especificadas. A RICO deveria surgir do voo superluminal em prontidão de combate completa, e caso fosse uma armadilha, estar preparada para quaisquer eventualidades.
*
Prothon da Mindros parecia abatido. Já não tinha mais a LONDON II sob seu controle. O irônico era que não haviam sido os terranos que o tinham derrotado, mas os ofídios casaros.
Os casaros controlavam a maior parte da nave e tinham as salas de máquinas sob controle. Agora tinham também desativado o campo defensivo, o que, no entanto, tinha permitido que galácticos e terranos escapassem de bordo. Talvez, como suspeitava o arcônida, outras pessoas tinham sido responsáveis pela desativação dos campos defensivos. Mindros imaginava ser coisa de Joak Cascal e outros resistentes. Eles certamente não desistiriam tão rápido, e tentariam encontrar uma maneira de escapar dos níveis de detenção depois que os guardas tinham se retirado.
289 arcônidas já tinham perdido as suas vidas nas últimas dezessete horas. Depois de menos de dezessete horas, os casaros tinham transformado a LONDON num inferno. Mesmo o convés A estava apenas parcialmente sob o controle do arcônida. As áreas principais estavam ocupadas por cerca de 200 arcônidas. Assim, os sistemas de controle de navegação, de rádio, de localização e o sistema de armas estavam nas mãos de da Mindros.
Mas o almirante não desistira. Já estava planejando um contra-ataque.
Pelas conexões internas de transmissores, ele enviou robôs de combate e soldados para a casa de máquinas, a fim de dominá-la. Os casaros tinham esquecido de desligar todos os transmissores daquele nível, provavelmente porque não tinham os planos exatos da nave. Isso permitiu que cerca de cinquenta soldados e robôs de combate restantes matassem trinta casaros e reconquistassem o controle da casa de máquinas. A LONDON logo retomou a viagem e dirigiu-se novamente para London’s Grave. Mindros queria realizar seu plano, mesmo que alguns casaros estivessem em seu caminho.
O orbton Zeronat entrou na estação de comando e informou o êxito da ação. Relatou que tinha libertado alguns galácticos, e em seguida os tinha aprisionado novamente. Mindros notou por acaso o ferrônio Flocky Tar Flaw. Com o ataque dos casaros, se seu plano ainda prevalecesse, a culpa pelo desastre da LONDON II não poderia ser definida com precisão.
Provavelmente, não faria os alienígenas os culpados pelo desastre. No entanto, os terranos, os blues, os aconenses e todos os outros seres da Via Láctea deveriam saber que os arcônidas eram os responsáveis pelo massacre. Mindros queria provocar uma guerra galáctica e ele acreditava que isto seria a única maneira de provocá-la.
Flocky Tar Faw deveria documentar o fim próximo e sobreviver até o final. O repórter ferrônio estava numa situação não muito agradável. Claro, ele era um jornalista e tinha uma história, mas não queria isso a qualquer preço. No entanto, o preço neste momento era a sua vida e valeria bem a pena. Ele começou a trabalhar e escreveu um relatório sobre o sequestro.
*
A RICO emergiu quase diretamente à frente da LONDON II e estava em rota de colisão. Atlan pretendeu, com isso, intimidar seu adversário, quem quer que fosse no momento. Imediatamente após entrar no espaço einsteiniano, a escala do campo defensivo do módulo da GILGAMESCH subiu e disparou o alerta vermelho. Hermon da Ariga estava sentado diante do console de controle de fogo e esperava a ordem de disparo, mas o imortal não pensava nisto.
Com uma manobra violenta a RICO passou ao lado da nave de luxo. Se fosse Cascal realmente que tinha emitido a mensagem de rádio, então da Mindros não podia fazer muita coisa, pois seus campos defensivos tinham sido desativados. Mas a LONDON acelerou ainda mais e aparentemente estava tentando escapar para o hiperespaço. Atlan deu a ordem de disparar nos propulsores da LONDON a fim de impedir a sua fuga pelo hiperespaço. Com uma salva tripla de desintegradores a cerca de cem metros, a RICO atingiu os geradores de gravidade e o fornecimento de energia foi interrompido. Com isso a pseudomassa perdeu a estabilidade e não podia simular a singularidade artificial do vórtice metagravitacional. Impotente, da Mindros teve que assistir como a sua tentativa de fuga foi impedida pelo ataque direcionado da RICO.
No entanto, Atlan estava consciente que da Mindros ainda era capaz de reverter a situação, apesar de não acreditar nisso. Mindros era um estrategista e sempre seguia um plano. Pouca coisa poderia desviá-lo da trajetória, então o imortal não acreditava numa ação intempestiva do almirante.
— Faça uma conexão com da Mindros — ordenou Atlan.
A sua ordem foi executada imediatamente e no grande monitor da RICO apareceu o rosto de Prothon da Mindros. Atlan ficou surpreso porque os olhos vermelhos do mascant ainda brilhavam determinados como em seu último contato com ele. Ele não parecia estar derrotado. Isso fazia da Mindros ainda mais perigoso.
— O que deseja, persona non grata? — perguntou o arcônida com hostilidade.
“Não se deixe provocar”, advertiu novamente seu sentido extra.
— As vidas dos 20.000 passageiros e membros da tripulação da LONDON II. Quando todos estiverem seguros, eu deixarei você partir — Atlan iniciou tranquilo, mas firmemente.
Mindros torceu o rosto numa sugestão de sorriso irônico. Mesmo nesta situação ele irradiava até mesmo um ar de arrogância e excesso de confiança incomparáveis. Mesmo antes que ele pudesse responder ao questionamento, o imortal continuou falando.
— Nós conhecemos os problemas a bordo da LONDON II. Esta estranha raça alienígena parece ter controle parcial da LONDON. Além disso, seus campos defensivos estão desativados. A situação tornou-se muito grave para você.
A face de da Mindros se contraiu. Seus olhos pareciam querer penetrar em Atlan. Eles irradiavam ódio e desprezo.
— Minha situação ainda é favorável o suficiente para eu atirar nos reféns, caso você tente fazer alguma coisa — retrucou da Mindros.
— O que você pode fazer agora? Alguns reféns morrerão. O importante é que podemos salvar a maioria deles. Eu já cometi o erro de ouvir chantagistas durante a crise dos dscherros. Eu não vou cometer esse erro uma segunda vez.
Após essa declaração de Atlan, por algum tempo prevaleceu o silêncio. Mindros parecia pensar sobre as palavras de Atlan. Ele parecia propenso a aceitar.
— Devemos trabalhar juntos contra a invasão desse povo alienígena — sugeriu Atlan em seguida.
“Eu não acredito que ele vai aceitar isso”, disse seu sentido extra.
“A fé é algo para sacerdotes, concorda?”
— Me dê algum tempo para considerar, Atlan!
— A cada minuto que você está desperdiçando, mais galácticos e arcônidas estão morrendo a bordo da LONDON! Você é um soldado que se comprometeu a proteger os seres. Você também vai permitir que centenas de arcônidas inocentes sejam assassinados? — foi a resposta a da Mindros.
— Tudo bem, venham a bordo!
Atlan tinha dado um passo importante para o resgate dos passageiros. O imortal montou uma tropa grande, com 200 homens, os quais deveriam ajudar na luta contra os casaros. Eles também deveriam evacuar imediatamente os passageiros para a RICO. No entanto, Atlan estava surpreso pela rápida mudança do mascant, porque isso não se encaixava em seu comportamento anterior. Contrariamente às expectativas, como de repente da Mindros tornara-se acessível a argumentos racionais? Bem, pode ser que o surgimento dessa raça alienígena conduziu a uma revisão do pensar do arcônida, pelo menos era isso que ele esperava. Mas novamente seu sentido extra tinha objeções.
“Seu tolo, por Kralas e todos os deuses das estrelas, você deve trazer seu pensamento tendencioso para a realidade. Mindros tem apenas um objetivo e você sabe qual é. Nada nem ninguém vai pará-lo. Ele quer provocar uma guerra entre o Império de Cristal e a LTL e, como uma espécie de complemento, o endurecimento gradual da cabeça do Imperador.
Lembra em sua juventude quando você era almirante do Grande Império, ou mais tarde, quando era o Lorde-Almirante da USO, de situações semelhantes?”
Atlan estava pensativo. Anteriormente, seu sentido extra tinha acertado, ele nunca teria ordenado uma missão de pouso numa nave hostil, enquanto esta ainda tivesse capacidade de armamento ofensivo para destruir a sua própria nave e especialmente os barcos de salvamento. E não havia nenhuma dúvida que a LONDON tinha essa capacidade, como tinha demonstrado na batalha anterior com ela.
Isso não ajudava em nada, ele tinha que tomar uma decisão.
Naquele momento ele estava preocupado com o olhar interrogativo do especialista de Camelot, cujo nome era Ernst Volbecek.
— Senhor, posso ir também? Eu e meus cães podemos muito bem procurar vítimas — sugeriu o corpulento terrano.
Atlan sorriu e colocou a mão no ombro de Volbecek. — Eu sinto muito. Devemos, em primeiro lugar, derrotar os casaros, antes de procurar as vítimas. No entanto, você deve manter-se de prontidão.
O proprietário dos cães, com seus cabelos grisalhos, parecia facilmente ficar desapontado, mas entendeu os motivos de Atlan. Dificilmente precisaria dele, a menos que algumas vítimas estivessem escondidas nos dutos, então seus cães poderiam retirá-los facilmente. Mas na luta contra os seres ofídicos seus cães eram completamente inadequados. Não obstante, estava empolgado e teve uma ideia.
*
Pouco tempo depois, os pilotos dos caças relatavam a execução de suas ordens. A LONDON tinha perdido seus dentes.
*
Enquanto isso, a bordo da LONDON...
Prothon da Mindros encarava o desvanecimento do holograma do traidor, enquanto seu rosto se contorcia num sorriso desdenhoso. Como parecia, ele tinha avaliado corretamente o maldito servo dos terranos, este, na verdade, sentia-se de alguma forma responsável pelo destino desta multidão luxuriosa a bordo da LONDON.
“Erro de cálculo, velho gos’athor”, ele pensou para si mesmo.
— Orbton — ele virou-se para o chefe de seu comando de operações — deixe o canhão MHV pronto para disparar. Em alguns zentitontas uma nave do traidor se aproximará com um comando de abordagem. Ordeno que no momento que estes malditos terranos se aproximarem da LONDON disparem o canhão MHV de modo intermitente. Assim que a nave recuar e seja recolhida pela RICO, disparem uma salva do canhão transformador de grosso calibre precisamente na posição da nave auxiliar. Se eles estiverem alinhados em relação a nós, haverá uma eclusa estrutural aberta para permitir que a nave auxiliar entre.
Nesse instante, vários dispositivos de controle começaram a piscar em vermelho-escuro.
— Orbton, o que está acontecendo? — ele gritou para o orbton.
O oficial verificou alguns avisos e, em seguida, virou-se para da Mindros.
— Nós fomos atacados, mascant! Foi com um dos novos sistemas de armamento de precisão desses camelotianos. Eles destruíram todo o sistema de armamento com desintegradores pesados.
Mindros amaldiçoou naquele instante os deuses das estrelas que o haviam abandonado. Ele tinha subestimado seu adversário, o traidor, mas que ainda tinha a capacidade de um almirante do Grande Império, que já tinha sido uma vez.
*
Dificilmente, pois o nome Wallace tinha sido muito difundido na Escócia.
A LONDON estava quase a 100.000 quilômetros da RICO. Ela pairava quietamente no espaço.
Atlan deu a seus homens algumas instruções finais. Eles precisavam entrar em contato com os combatentes da resistência na LONDON e, possivelmente, cooperar com os arcônidas para salvar os passageiros. Se Atlan podia confiar em da Mindros, isso estava nas estrelas. Com a ação dos GUN-jets, pelo menos eles tinham garantido que o arcônida não pudesse pôr em risco a evacuação dos passageiros. Certamente da Mindros tentaria matar Atlan e os outros na LONDON, mas era importante que no momento eles tinham uma espécie de trégua. Atlan incomodava-se porque da Mindros tinha revelado apenas informações superficiais sobre os casaros, mas talvez ele não soubesse mais. Os seres foram classificados como perigosos, afinal de contas eles tinham destruído a VIVIER BONTAINER.
Atlan aguardava com expectativa o encontro com Joak Cascal. Era muito esquisito que Cascal e Tolk estivessem juntos com ele novamente, mas o destino algumas vezes jogava de maneira estranha. O cruzador VESTA chegou à LONDON. Atlan assentiu com satisfação quando viu as cúpulas dos canhões destruídas. O ataque com os GUN-Jets tinha sido realmente um trabalho de precisão. O bombardeio com os desintegradores tinha destruído as cúpulas de armas sem que a nave de luxo sofresse danos significativos. As escotilhas automáticas das eclusas tinham evitado uma brusca queda da pressão, de forma que não houvera nenhum perigo a mais para os passageiros.
De repente um cão saltou sobre o arcônida e latiu alto. Atlan olhou confuso para o animal.
— Desculpe-me, senhor. Charly fica sempre um pouco nervoso quando está em voo — disse Ernst Volbecek.
— Eu não tinha ordenado que você permanecesse na RICO?
— Me desculpe, mas eu não podia ficar de braços cruzados... — o terrano não pode prosseguir porque o cruzador sofreu um forte abalo. Sem nenhuma cerimônia, ele ancorou numa eclusa exterior.
— Você não aprendeu a estacionar quando tirou a sua licença de piloto? — perguntou Atlan a Wallace, com ironia. O escocês apenas lançou um olhar ofendido. Os 201 homens e mulheres, 100 robôs e três cães saíram e tomaram conta da eclusa e espaços adjacentes.
— Agora é que a coisa começa — disse Hermon da Ariga, destravando o seu radiador térmico.
Pequenos heróis
Mindros ordenou a seus homens que ficassem de fora da luta entre o comando de operações de Atlan e os seres alienígenas. Os casaros e camelotianos deveriam se destruir uns aos outros. Ele mantinha, entretanto, todos os passageiros que encontrara perdidos, confinados no Salão das Estrelas, protegido por barricadas de campos defensivos portáteis. Com isso Atlan não tinha chance de evacuar a maioria dos reféns. Ele poderia usar os escaleres da RICO para evacuá-los, porém primeiramente tinha que conquistar o Salão das Estrelas. E essa era exatamente a vantagem de da Mindros. Atlan não poderia usar armas pesadas, porque poderia destruir esse monumento à decadência terrana e deixar os passageiros morrerem miseravelmente no vácuo.
Um segundo grupo de seu esquadrão garantia as máquinas. Havia técnicos lá que consertaram provisoriamente o metagrav, pois tinham encontrado peças sobressalentes nos abastados depósitos de peças de reposição. O que importava para ele era que nem os casaros nem os camelotianos deveriam se aproximar das instalações. Os seres ofídicos permaneceram significativamente quietos nas últimas horas. Isso poderia significar muita coisa. No entanto da Mindros contava que eles estivessem envolvidos na criação de seus filhotes. A LONDON II tinha que entrar no sistema de London’s Grave antes que esse processo fosse concluído, senão seus soldados de elite não teriam chance contra a superioridade deles.
*
Joak Cascal e os outros estavam novamente prontos para o combate. Cascal sabia que Atlan não poderia estar longe. Tolk, Nordment e Cascal esgueiravam-se através da LONDON II para avisar Atlan e os outros sobre os casaros, mas não era nada fácil. Rosan fez a sugestão de simplesmente fazer um contato via rádio com Atlan. Uma vez que a situação toda estava caótica, não havia nenhum risco em fazer este contato com Atlan. Cascal, em seu íntimo, regozijou-se ao ouvir a voz do arcônida imortal novamente.
— Aqui é o general Joak Cascal. Lorde-Almirante Atlan, por favor, atenda!
— General? — ele ouviu uma voz responder com surpresa no rádio. Joak não pode deixar de sorrir.
— Bem, devia haver uma promoção depois de tanto tempo — brincou ele.
— É você realmente, Cascal. Uma pergunta: em que inferno você se meteu dessa vez? Você está bem? Onde exatamente você está? — perguntou Atlan simultaneamente.
— São três perguntas de uma vez, senhor! Falando sério, é uma longa história, como eu e Sandal chegamos até aqui. Estamos localizados no convés B e nos viramos de acordo com as circunstâncias. Sandal, um tenente e eu somos os últimos sobreviventes da VIVIER BONTAINER...
— Entendo, e realmente sinto muito. Irei até vocês.
— Só um momento, senhor. Vocês teriam que percorrer a área dos casaros. Isso poderia ser muito complicado — alertou o veterano do Império Solar.
— Obrigado pelo aviso. Nós erguemos uma estação de transmissor. Descubra onde tem uma contraestação intacta no convés B e a ative.
— Sim, senhor! — Cascal gritou animadamente no microfone e encerrou a ligação.
Ele olhou para os outros. Via confiança em seus rostos. Esperavam que o pesadelo em breve chegaria ao fim.
— Tudo bem, pessoal. Vamos agora em busca de um transmissor. Vamos levar cada passageiro que encontrarmos pelo caminho — disse Cascal, e seguiu apressado pelo corredor. Wyll foi um pouco mais devagar até que Rosan estivesse correndo a seu lado.
— Logo isso termina, Rosan — sussurrou para ela. A mestiça arcônida sorriu e pegou a sua mão.
— Então você volta para Camelot — Nordment acrescentou. Rosan voltou a ficar séria, porque estava pensando em Gol Shannig. O que havia acontecido com ele?
*
Como muitos outros, Shannig estava trancado numa área de armazenamento. De vez em quando, alguns casaros vinham e levavam alguns prisioneiros, e eles nunca voltavam. De tempos em tempos, novos prisioneiros eram trazidos, e assim foi com Hajun Jenmuhs.
O gordo arcônida protestou e no momento certo deu ordem para seu okrill atacar. A perigosa criatura avançou em alguns casaros, destroçando-os. Zhjlk tentou escapar do monstro junto com outros, mas foi derrubado, porém antes que o okrill pudesse matar o líder dos casaros, Jenmuhs ordenou-lhe que parasse. Zhjlk ficou perplexo.
— Por que você fez isto, arcônida?
— Porque queremos nos manter vivos. Apesar de nosso okrill ter matado alguns de vocês, nós não temos chances. Poderíamos fazer um acordo. As criaturas a bordo não têm nenhuma importância para nós. Só nossa sobrevivência é importante.
Zhjlk não conseguia acompanhar direito as palavras de Jenmuhs enquanto ele falava. Seus companheiros haviam paralisado o okrill e levaram-no embora.
— Queremos apenas investigá-lo — o casaro acalmou Jenmuhs. — Como você pode nos ajudar? — quis ele saber então.
— Há alguns combatentes perigosos a bordo, os quais vocês não poderiam vencer tão facilmente. Dê-nos alguns de seus melhores lutadores e iremos caçá-los.
O casaro concordou. Depois de algumas horas ele trouxe o okrill de volta, informando que tinham incorporado nele um emissor adicional. Os casaros foram equipados com controles remotos para esse emissor, para que o okrill pudesse ser controlado por eles a qualquer momento. Jenmuhs não ficou muito feliz com essa decisão, mas a aceitou.
Ele não tinha outra escolha.
Com um grupo de trinta casaros, ele montado em seu okrill lutaria contra seu próprio povo. Jenmuhs não era nenhum santo. A coisa mais importante para ele era sair dessa confusão.
*
No entanto, o grupo de Joak Cascal e Wyll Nordment não encontrou muitos passageiros. O convés parecia um deserto. Encontraram apenas um terrano, Tino Neumann, que era um membro da tripulação da ponte de comando da LONDON, mas não tinha nenhum posto oficial. Neumann era um patriota, mas seu coração batia menos para a LTL do que para o Império Solar. Ele reconheceu Cascal e Tolk imediatamente. Cheio de euforia, falava o tempo todo da época gloriosa sob a liderança de Perry Rhodan.
Remus e Uthe Scorbit estavam um pouco retraídos nas últimas horas. Uthe estava com problemas para processar os últimos acontecimentos. Ela não estava acostumada à visão da morte e do combate. Aos poucos, no entanto, estava se acostumando. Remus tinha pensado muito nos últimos dias. Estes foram, sem dúvida, os mais memoráveis de sua vida. Esta “ação” poderia ser o tipo de coisa que deixava o terrano muito animado, então ele pensava seriamente se devia pedir um serviço a Wyll Nordment em Camelot. Com isso, ele poderia estar novamente com seu irmão gêmeo, Jan, de quem sentia muita falta. Claro, com a condição de que a sua esposa Uthe pudesse acompanhá-lo. Timo Zoltan entretinha pensamentos semelhantes. Sem ser pretensioso, ele acreditava que um cientista com as suas habilidades poderia ser muito necessário em Camelot.
Tino Neumann levou o grupo à sala dos transmissores que era destinada apenas aos membros da tripulação. Mal tinham chegado ao destino quando foram recebidos por pessoas menos agradáveis.
— Estamos impressionados com a sua visita — Cascal ouviu o gordo arcônida com o okrill dizer.
A atenção de Jenmuhs caiu novamente em Rosan Nordment. A mestiça arcônida escondeu-se imediatamente atrás de Wyll Nordment.
— Nossa gatinha está de volta. Mas também tem outras feminilidades atraentes, a meu ver — murmurou Jenmuhs, babando.
Ele olhou para Uthe Scorbit e a arcônida Gwen da Wyfar.
— Venha até aqui, seu gordo filho da puta! — a arcônida o desafiou.
— Por mim ele pode ficar onde está — disse Uthe, inquieta.
Por trás do arcônida gordo apareceram alguns casaros. Uma das criaturas deslizou em direção a Hajun Jenmuhs.
— Nós o temos. Muito bem, arcônida. Agora é hora de matá-los — chiou o casaro.
Os outros ativaram as suas armas energéticas.
— C’est la vie, como dizem em idioma terrano — Jenmuhs recitou com um sorriso amplo.
Ele trotou com seu okrill para trás dos casaros. De repente, uma parede desabou e um monstro atirou-se rugindo diante deles. O gigante com três olhos de fogo pulou sobre os casaros e os esmagou com seu corpo enorme. Jenmuhs gritou estridentemente, Ele quis fugir, mas Nordment o agarrou pela perna, e como o okrill não parou, o arcônida perdeu a montaria. Chiando, ele tentou defender-se de seus agressores, mas Nordment era mais forte. Seguidamente ele esmurrava Jenmuhs. A sua raiva não conhecia limites nesse momento. Somente quando um casaro picou a sua perna, ele voltou a si. Mas antes que ele pudesse levantar o braço, surgiu um raio energético que matou o casaro. Nordment reconheceu a atiradora no mesmo instante. Era Rosan, que dirigiu um ligeiro sorriso para seu amante.
— Seria muito chato se só você salvasse minha vida — ela disse, e tratou da lesão dele, que não tinha sido muito grave.
Jenmuhs, nesse meio tempo, tinha se arrastado para fora. Os casaros foram postos para correr. No piso, Rosan encontrou um controle remoto, mas não pode precisar exatamente para que servia. Por razões de segurança, a mestiça arcônida o guardou para si.
O halutense identificou-se como Traros Polat. Cascal o agradeceu em nome de todos. Juntos, eles foram capazes de ativar o transmissor. Agora, as unidades de Atlan podiam passar pelo arco-portal Atlan abraçou Joak Cascal e Sandal Tolk, ao vê-los novamente. Com poucas palavras, Cascal narrou ao ex-Lorde-Almirante da USO o que tinha acontecido. Os quase 200 camelotianos não perderam tempo. Eles garantiram a área e determinaram aos robôs MODULA ordens para livrar os conveses inferiores dos casaros. Depois, os transmissores foram ajustados para que a ligação pudesse ser iniciada a partir da RICO. Uma vez que todas as armas da LONDON estavam incapacitadas pelos space-jets, a Rico podia abrir uma brecha nos campos defensivos e construir uma ponte de transmissores dentro de uma faixa estreita. Com isso seria muito mais fácil evacuar os passageiros para o módulo da GILGAMESCH. Se ainda surgissem quaisquer problemas, ainda tinham as naves auxiliares como opção.
Os quatro primeiros conveses tinham sido varridos pelos camelotianos, mas não se aproximaram dos territórios ocupados pelos arcônidas na região do convés A. As tropas de da Mindros tinham armado barricadas com campos defensivos portáteis, e por trás deles mantinham armas de radiação em posição, e mantinham os camelotianos sob controle, debaixo de fogo pelas lacunas estruturais.
*
Depois de pouco mais de duas horas, eles tinham apenas descoberto 1.400 passageiros que tinham se espalhado pela nave. A maioria, como suspeitava Cascal, estava nos conveses inferiores, provavelmente como suprimento para as ninhadas.
Os robôs MODULA tinham varrido os casaros dos compartimentos destinados às naves auxiliares, matando muito dos ofídios naquela ocasião. Mas, nas áreas de reprodução, a missão tinha se tornado impossível, pois os radiadores de impulso poderiam ferir gravemente os passageiros desprotegidos que estavam emaranhados aos milhares no tecido mucoso. Assim, a situação atual chegou a um impasse entre as duas partes.
— Como devemos proceder agora, senhor? — os veteranos perguntaram ao imortal.
Mas Atlan também estava muito desnorteado. Eles ainda tinham que libertar os passageiros dos casaros. Não havia oportunidade para um diálogo pacífico com esta raça, teriam que resgatar os reféns à força, mas seu plano original de usar os robôs contra os ofídios, agora mostrava-se impraticável. No entanto, Atlan tinha que tentar alguma coisa. Ele não via nada mais para rearranjar seu plano original. Os robôs poderiam garantir o acesso para o convés A e impedir que da Mindros aparecesse pela retaguarda. O comando de operações teria, em seguida, de assumir a tarefa de libertar os passageiros das garras dos casaros.
*
O grande grupo foi para o convés E, onde os casaros primeiramente tinham se estabelecido. Os ovos para incubação, contudo, estavam nas seções mais profundas. Não obstante, um confronto aconteceu. Os ofídios tinham sido surpreendidos, e pouco podiam fazer contra os soldados protegidos pelos SERUNs, mas rapidamente eles encontraram um meio de quebrar os campos defensivos dos trajes de combate.
Através de seus radiadores de alta energia, eles sobrecarregavam o equipamento dos galácticos, destroçando os primeiros soldados. O imortal ordenou imediatamente que desativassem os campos defensivos e lutassem com os meios convencionais. Sandal Tolk pouco se interessou por essa ordem. Ele atirava nos casaros com as suas flechas explosivas. Se uma delas falhava, ele se jogava contra a criatura e a vencia numa luta corpo a corpo. Além disso, o halutense Traros Polat era de uma grande ajuda. A fera empurrava os ofídios cada vez mais.
No meio da batalha um dos cães de Ernst Volbecek avançou sobre um casaro. Horrorizado ele chamou seu amigo de quatro patas, mas ele não lhe deu ouvidos. Pensando rápido, Volbecek sacou seu apito para cães, respirou fundo e o soprou.
Não só o cão respondeu ao ruído ultrassônico, mas também o casaro. Ele assustou-se e se contraiu visivelmente. Ele enrolou os tentáculos em sua cabeça e gritou, assim como o resto de sua espécie.
— Apite mais — Atlan gritou para o terrano, que soprou o apito a plenos pulmões.
O casaro segurou a cabeça e gritou até que uma secreção desagradável, que provavelmente representava o equivalente dos ofídios para o sangue, fluiu a partir das aberturas laterais de seu crânio. O mesmo destino tiveram todos os outros casaros que estavam ao alcance do ruído. Espantados, os soldados percorriam pelos restos repugnantes dos casaros. Confuso, Cascal olhou em volta e se inclinou sobre um casaro.
— E agora? — ele perguntou sem entender.
Atlan chegou perto de Ernst Volbecek, que não estava acreditando o que seu apito tinha causado.
— Parece que temos uma solução para o problema dos casaros — disse o halutense Traros Polat.
*
— Então os casaros são receptivos para as ondas sonoras demasiadamente elevadas para nossos ouvidos — concluiu Atlan.
O halutense concordou.
— Há dezenas de exemplos em nossa galáxia de seres que podem perceber frequências mais altas, mas para eles não é prejudicial. Os casaros devem ter os ouvidos muito sensíveis. Por isso o som do apito para cães os mataram — disse Traros Polat, esclarecendo o fato.
— O que faremos agora? Temos apitos de treinamento suficientes a bordo da RICO? — perguntou Joak Cascal.
O halutense ergueu um dedo de sua mão de ação e fez um gesto negativo.
— Nós não precisamos de um assobio para cães. Podemos obter o mesmo efeito com o auxílio de um gerador de tons normal. Se tivermos um a bordo da RICO, podemos conectar ao sistema de bordo e acioná-lo — disse ele.
— Isso não é o suficiente. Vamos enviar mais robôs de trabalho e soldados que percorrerão todos os conveses — disse Atlan, decidido.
Ele imediatamente informou a RICO e ordenou que todos apitos para cães, instrumentos musicais, geradores de tons encontrados na RICO fossem enviados. Gerine no início pensou que Atlan havia enlouquecido, mas depois que o arcônida explicou enfaticamente o objetivo, ela imediatamente foi cumprir a ordem.
Atlan liderou o primeiro grupo e Cascal o segundo. Eles então partiram, com unidades sonoras em volume máximo, inaudíveis para eles mesmos, para derrotar os casaros.
— Toque a canção da morte para mim — pediu Cascal pelo rádio. Atlan não pode reprimir o riso.
*
— Vocês, venham para fora! — rugiu o casaro.
Fred Gopher, Huck Nagako, Suzahn Roemee, Thalia da Zoltral, Eireen Monhar e Gol Shannig sabiam que seriam os próximos. Um grupo com um total de 200 indivíduos foi levado para os ovos. A área era lacrada, e os 200 galácticos sentiram a aproximação de seu fim. Lentamente casaros jovens eclodiam dos ovos e seguiam para seu cardápio.
O pânico iniciou-se entre as pessoas e elas corriam para todos os cantos. Suzahn Roemee não estava muito longe quando um gerente de bordo gordinho foi atacado e comido pelos casaros. Muitos tentavam chegar à escotilha, mas ninguém parecia ser capaz de parar o massacre, quando os casaros desmoronaram juntos.
De suas cabeças pingavam secreções amarelas repugnantes. O espetáculo repetiu-se até que o último deles tombou morto. Em seguida, a escotilha se abriu e camelotianos entraram. Atlan anunciou em voz alta que o terror havia acabado. Um júbilo ressoou entre os cerca de 150 seres sobreviventes
Os casaros foram derrotados em todos os lugares. Os sistemas de bordo estavam fazendo o trabalho com mais eficácia. Em qualquer lugar onde não estivesse funcionando, os robôs camelotianos apareciam e inundavam com as ondas sonoras fatais. Os ofídios não conseguiram encontrar nenhum remédio para esta ameaça. Eles tombavam e Atlan seguia impiedosamente, como eles mesmos tinham feito aos galácticos e aos arcônidas.
O fim dos casaros veio rápida e surpreendentemente. Foi a única maneira de tratá-los. Quase dois mil seres da Via Láctea tinham perdido as suas vidas por conta dos casaros. Muitas centenas ficaram feridas e precisavam de cuidados médicos. Demorou dias para atender todos os passageiros que tinham sido encontrados a bordo da LONDON II, e ainda restava o problema de Prothon da Mindros, que tinha o centro de comando e a casa de máquinas ainda sob seu controle. Nesse momento, o arcônida estava se comportando de forma passiva. Mindros perpetrava um plano específico, mas Atlan não podia ver qual.
Um mascant não se rende
A evacuação foi lenta. Levou várias horas até que os galácticos fossem encontrados. Muitos passageiros tinham ficado presos nas câmaras de armazenamento ou na massa de tecido gelatinoso. Alguns estavam muito bem escondidos, por isso demorou um tempo até que fossem encontrados. Faltavam ainda muitos para serem achados. A busca e salvamento duraria dias. No geral, a equipe de resgate havia encontrado cerca de três mil galácticos. O dobro disso ainda teria que ser localizado em algum lugar dentro da nave. Também na evacuação ocorreram muitos problemas.
A capacidade de conexão dos transmissores era limitada, porque o equipamento na LONDON era provavelmente de baixo rendimento e não servia para o transporte a longas distâncias. Muitos passageiros estavam exaustos demais para serem transportados. Alguns se recusavam a passar pelo transmissor, outros estavam em estado de choque. Então o transporte nas naves auxiliares da RICO foi novamente considerado.
Joak Cascal e Wyll Nordment iniciaram a evacuação. Também Rosan Orbanashol e Uthe Scorbit ajudavam onde podiam. As duas mulheres cuidavam principalmente das crianças e dos seres mais sensíveis.
Até agora, eles tinham sido capazes de irradiar 260 passageiros para a RICO. Rosan e Uthe conversavam com duas humildes serviçais convencendo-as a entrar no transmissor. Gol Shannig aproximou-se da mestiça terrana.
— Olá Rosan — disse ele gentilmente. Rosan estava contente em vê-lo novamente. Ela abraçou brevemente seu ex-parceiro.
— Estou aliviada em vê-lo vivo — disse ela com sinceridade.
— Obrigado. Eu também estou feliz em vê-la bem. Eu gostaria de me despedir de você.
Rosan parecia um pouco deprimida, mas sabia que seria melhor.
— É... sinto muito que... — ela disse, hesitante.
— Está tudo bem. Não tinha que ser. Eu vou encontrar outra coisa. O importante é que meu lugar no jornal está preservado. Já tenho uma história exclusiva — disse alegremente.
Ele deu um beijo na testa de Rosan e foi para o transmissor.
Porém, neste momento, da Mindros lançou seu próximo trunfo. O orbton Zeronat fez um contato com Atlan. Ele se aproximou com uma bandeira branca, o que deveria simbolizar para Atlan as suas intenções pacíficas.
— O que da Mindros quer agora? — Atlan perguntou com cortesia.
O rígido militarista mostrou seu desprezo para o “renegado” arcônida de maneira muito óbvia.
— O mascant Prothon da Mindros quer informá-lo sobre o fato de que ele tem bombas escondidas por todos os lugares a bordo. Se a sua escória camelotiana não se retirar imediatamente de bordo, ele vai explodir a nave.
*
Esta notícia atingiu Atlan duramente. Eles estavam tão perto do alvo e agora da Mindros tinha recuperado o domínio da situação.
“Você não deve elogiar o dia antes que a noite chegue”, ponderou desnecessariamente seu sentido extra.
“Mas que merda”, Atlan amaldiçoou interiormente.
“Expressar-se como um selvagem ignorante não vai melhorar a situação”, respondeu friamente seu sentido extra.
O arcônida olhou em volta. Até agora, apenas uns 300 passageiros talvez tivessem sido irradiados para a RICO. Atlan exigiu que eles se apressassem, mas sabia que os passageiros não poderiam nunca ser tirados a tempo de bordo.
Zeronat olhou para Atlan com expectativa. A contragosto, o imortal ordenou a retirada de suas tropas. Ele sabia que da Mindros não estava blefando.
Antes que ele Atlan pudesse libertar todos os reféns, ele preferia destruir a LONDON II. Zeronat instou Atlan e a sua gente para retirar-se para a RICO. Com relutância cumpriu a exigência. Os cerca de 190 homens e mulheres caminharam através do transmissor. O arcônida foi embora levando os reféns, incluindo Atlan, presos.
Apenas alguns tinham se escondido na nave, entre eles Scorbit, Nordment e também Joak Cascal e Sandal Tolk. Antes porém, Cascal tinha insistido que a Tenente Shekko com a criança resgatada dos casaros se pusesse em segurança a bordo da RICO.
Traros Polat tentara lutar, mas eles estavam ameaçando os reféns. Assim também o colosso foi para o cativeiro.
Mindros deixou a estação de comando e caminhou lentamente pensando nos imortais. Seus olhos ainda irradiavam a determinação e o ódio que ele deixara crescer em si mesmo desde o início da operação. Flocky Tar Faw, que involuntariamente tinha que filmar tudo, seguia a seu lado.
A LONDON II ganhou impulso antes que a RICO pudesse reagir. O objetivo agora era chegar à London’s Grave.
— Atlan, seu destino está selado. Os senhores da galáxia, takerers, as superinteligências ou os cosmocratas bastardos não puderam derrotá-lo, mas agora, uma pessoa de sua própria raça vai desferir em você o golpe mortal, como a todos os seres vivos que estão a bordo.
Você fez um grande favor aniquilando os casaros e preparou a sua própria sepultura.
Mindros mantinha os braços cruzados atrás das costas. Atlan olhou seu conterrâneo com desprezo.
— A sua morte e o desaparecimento da LONDON II acontecem Pelo Poder e Glória de Árcon! — acrescentou da Mindros.
— Como recompensa você vai ser trancado num hospício, que é seu lugar — respondeu Atlan, desafiador.
O sorriso de da Mindros se transformou numa careta de ódio. Ele bateu com o punho no estômago de Atlan, que desabou ofegante.
— Você, e certamente todas os seres em breve vão fazer companhia aos cadáveres da LONDON. O seu final já se aproxima!
Triunfo do arcônida
A situação a bordo da LONDON II estava novamente “normalizada”. Isso significava que o arcônida tinha recuperado o poder e controlava a nave espacial de luxo.
Os conveses B e C eram agora usados como espaços de detenção. Um total de 19.000 galácticos eram reféns do perigoso arcônida, almirante Prothon da Mindros.
Atlan estava sentado sozinho numa cela do convés B. Na verdade não era nenhuma cela de prisão, mas uma câmara reconfigurada. O sentido extra fez algumas observações sarcásticas sobre a atual situação de Atlan, mas depois também pensava muito sobre uma solução.
Prothon da Mindros sabia que Atlan era perigoso. Foi por isso que ele o tinha colocado num confinamento solitário.
No momento, Atlan não tinha escolha senão esperar. Esta era a pior circunstância para um aventureiro como ele. Mas ele não podia fazer nada para mudar isso. O imortal tinha que ser paciente e esperar que seu inimigo cometesse um erro, ou que viesse alguma ajuda externa.
*
Seis pessoas permaneciam indetectadas na nave. Destas seis pessoas talvez dependia a vida de 19.000 seres. Joak Cascal, Sandal Tolk, Wyll e Rosan Nordment, e Remus e Uthe Scorbit poderiam esconder-se com sucesso no interior da nave.
Durante a luta contra os arcônidas, os casaros tinham construído muitos campos de interferência para confundi-los.
Depois do fim dos ofídios, nem os arcônidas nem os camelotianos tinham encontrado tempo para desabilitar estes emissores de interferência. Isto seria uma vantagem para os seis companheiros.
Mas eles ainda não tinham um plano promissor. Os seis poderiam alcançar apenas um modesto sucesso contra da Mindros. O grupo em torno de Joak Cascal tinha ciência disso. O veterano do Império Solar achou melhor fazer uma reunião para planejar os próximos passos.
— Então, vamos lá, pessoal. Eu estou esperando algumas boas propostas — Cascal iniciou como incentivo.
No entanto, os participantes olharam uns para os outros sem nenhuma ideia. Wyll Nordment resumiu a questão.
— O que devemos fazer? Nós prevalecemos contra da Mindros e os casaros, mas foi tudo em vão. Acho que falo em nome de todos, quando digo que estamos muito desmotivados.
— Droga, Nordment! Nós não estamos numa escola aqui, onde podemos ficar desmotivados depois de uma lição de casa fracassada. Estamos falando da vida de 19.000 seres. Quer estejamos motivados ou não, precisamos fazer alguma coisa — gritou furiosamente Cascal.
Eles podiam ler nas expressões faciais de Sandal Tolk que ele concordava com seu amigo.
— Eu e minha esposa não somos combatentes. Nós não somos seus soldados nem do Império Solar! Se você ainda quiser ter o nosso apoio, deve escolher um tom diferente — interrompeu Remus Scorbit.
O terrano estava magoado com o tom de comando de Joak Cascal. Mesmo que a situação estivesse perdida, aos olhos de Scorbit, Cascal deveria ter alguma consideração.
— Pare de bancar o bebê chorão, Scorbit! Aparentemente, você é demasiadamente estúpido para compreender o que está em jogo — rebateu Cascal, desafiador.
— Seu filho da puta! — Scorbit gritou e correu em direção a Cascal.
Ele agarrou o coronel do Império Solar pelo colarinho e o empurrou contra a parede.
— Pare com isso, Remus! — gritou Uthe, chocada, mas seu marido não a ouviu. Ele socou o rosto de Cascal fazendo o nariz dele sangrar. Cascal agarrou o braço de Scorbit e o virou para trás. O terrano gritou alto e agora ele próprio estava apertado contra a parede por Cascal. Nesse momento, Sandal Tolk interveio, agarrando a ambos e os separando.
— Não é bom quando lutamos entre nós! — disse o bárbaro de Exota Alfa. Temos que lutar juntos ou desistir. Somos a última esperança para o povo, quer gostemos ou não. Se não fizermos nada, então da Mindros sai vitorioso — acrescentou com firmeza.
Os dois brigões se acalmaram. Eles sabiam o quão tolo tinha sido seu confronto. Depois de um tempo, os dois apertaram as mãos e Wyll Nordment veio com a primeira proposta.
— Nós podemos simplesmente liberar mais alguns auxiliares. Vamos tentar descobrir onde estão presos Atlan, Traros Polat, e HaSi. Com a ajuda deles certamente conseguiremos alguma coisa.
A proposta foi aceita e começaram a elaborar um plano.
Rosan prestava pouca atenção a seus companheiros. Ela olhava o emissor que havia retirado de um casaro morto. Ela o carregara consigo desde que Hajun Jenmuhs montado em seu okrill e mais vinte casaros tinha tentado impedi-los de ativar um sistema de transmissores. E se esse emissor nada tivesse a ver com Jenmuhs? Era muito estranho que os casaros tivessem se aliado prontamente a Jenmuhs. Talvez o emissor era algum circuito de segurança contra traição. Podia-se, pelo que ela conseguiu entender dos controles, digitar comandos no controle.
A bela mestiça arcônida foi abruptamente arrancada de seus pensamentos quando ouviu um barulho. Soou como caminhar macio.
— Ei, alguém está vindo — ela alertou os demais.
Sandal Tolk retirou um punhal de seu bolso e escondeu-se atrás de um armário. Os outros também procuraram cobertura. Dois humanoides aproximaram-se num ritmo muito lento. Levou quase cinco minutos até que passaram pela porta. Tolk saltou para fora, mas logo baixou seu punhal quando viu os dois velhos terranos.
Também Cascal e os outros saíram de seus esconderijos.
— Oh, meu Deus! Isso de novo não — Remus Scorbit suspirou alto.
— Oh, mas é o bom rapaz de outro dia. Isso foi... a... a... a... celebração da Páscoa... não... espere... foi uma celebração. Sim, agora eu me lembro novamente!
Scorbit revirou os olhos e sentou-se numa cadeira. Também nesta sala, que outrora fora um restaurante, estava tudo coberto pela massa roxa dos casaros. Somente aos poucos a massa pingava do teto. Aparentemente era de natureza orgânica e começava a apodrecer.
— Quem são esses dois? — perguntou Cascal.
— Estes são os Braunhauer — respondeu Scorbit.
— Bem, senhor, senhora, dou-lhes as boas-vindas. Eu sou Joak Cascal e nós... — Cascal parou quando percebeu que eles não estavam prestando atenção. Em vez disso, caminhavam em direção às instalações sanitárias. Ottilie Braunhauer balbuciava algo sobre “papai ter uma bexiga fraca”, e em seguida foi em direção a Remus e Uthe e começou a contar...
*
Vinte galácticos estavam confinados na sala. Entre eles HaSi, Tino Neumann, Gwen da Wyfar e Traros Polat.
Também nesta sala, as pessoas começavam a pensar em como poderiam mudar a situação a seu favor. HaSi tentava libertar as pessoas de sua letargia. Traros Polat, por outro lado, pensava muito em como poderia escapar. Ele, pessoalmente, tinha medo do transmissor de impulso de morte implantado nele, pois ainda não tinha se tornado progenitor.
Os guardas a qualquer momento podiam acionar o emissor e, com isso, matar o halutense. O transmissor tinha sido implantado em sua têmpora. Polat se perguntava se poderia removê-lo, mas para isso faltava-lhe os instrumentos necessários.
HaSi tinha encontrado três novos voluntários que queriam participar de uma rebelião. Eram o rico tópsida Trg’arg, o terrano um pouco mais idoso Nic Brokkon e um jovem terrano Reta H. Ecal.
Nic Brokkon havia servido na ÁRIES e tinha sido um típico soldado à moda antiga. Porém ele estava muito velho para aventuras, e via nisso uma oportunidade bem-vinda para uma última campanha.
A porta, porém, era feita de uma liga de terconite. Somente um halutense poderia rompê-la. Nem mesmo um oxtornense tinha chance, mesmo porque não havia nenhum dos colonos ambientalmente adaptados da Terra naquela sala. No entanto, Traros Polat recusou-se a quebrar a porta. Ele não queria morrer, até mesmo se isso servisse a um bom propósito, ainda mais que o sucesso de vinte pessoas sem o halutense não era garantido. Cada vez mais eles debatiam sobre o que poderiam fazer, mas não tinham muita escolha.
De repente, a porta se abriu e outros dois prisioneiros foram trazidos pelos guardas arcônidas.
Polat resmungou em voz alta, porque eram Karl-Adolf e Ottilie Braunhauer...
London’s Grave
— Mascant! Finalmente chegamos ao sistema!
Mindros tinha esperado essas palavras por muito tempo. O grande arcônida levantou-se da poltrona de comando e olhou para a vista do espaço exterior circunvizinho mostrado na galeria panorâmica. A LONDON II voou abaixo da velocidade da luz e parou em órbita ao redor do planeta aquático azul, London’s Grave. Mindros fechou os olhos e pensou em sua esposa e filhos para se acalmar. Involuntariamente sentiu um calafrio. Em seguida abriu os olhos novamente e olhou para seus seguidores.
O orbton Hermon postou-se à frente de seu comandante esperando as próximas ordens. A hora havia chegado. O final para a LONDON II e todos os seres a bordo era iminente. Mindros ainda olhava para a galeria panorâmica. Ele deu as costas para a sua gente e encarou o planeta. Lá embaixo seus amados descansavam. As únicas pessoas que tiveram algum significado para ele. Sentiu-se transportado para cinco anos no passado. Apesar de não ter visto as cenas, o naufrágio corria em sua mente outra vez. Ele via esposa e filhos diante dele, como desesperadamente tentavam entrar numa nave salva-vidas. Ele viu seu corajoso filho, que morrera como um herói.
Os olhos de da Mindros umedeceram-se. Antes que algum de seus soldados percebesse, ele os secou. Então virou-se, e falou com a habitual determinação na voz.
— Voaremos para as coordenadas onde os destroços se encontram, então terminaremos nossa missão.
*
A LONDON penetrou na atmosfera do planeta azul com os campos defletores ativados, os quais foram precariamente colocados em funcionamento. O planeta era um límpido planeta de água. Não se via em nenhuma parte as massas de terra, continentes, nem mesmo ilhas. Este planeta aquático, que há cinco anos se transformara numa armadilha mortal para 11.023 almas, tinha o mesmo nome do sistema — London’s Grave.
Na época, a LONDON empreendia um voo de regresso à Via Láctea.
A nave e os seres que nela estavam tinham uma série de aventuras atrás de si. Por fim, o próprio Perry Rhodan tinha ciência dessas aventuras. Mas Rhodan não podia fazer nada contra a incompetência dos construtores da nave, que haviam colocado muito poucas unidades de resgate a bordo. Mesmo Rhodan não podia ter feito nada contra o ataque diabólico do sinistro Rodrom, que estava à espreita no sistema e abatera a nave. A agonia durara quatro horas, até que os propulsores da gigantesca nave de luxo finalmente afundassem no mar.
O mar estava calmo, mas o céu estava nublado — como naquele 12 de dezembro de 1285 NCG. Os destroços da nave de luxo estavam a uma profundidade de 12.000 metros no fundo do mar.
Rosan Orbanashol tinha observado a aproximação ao planeta atentamente. Ela fora ao convés D quando a nave voava para o planeta. Não demorou muito até que a LONDON II tivesse atravessado as nuvens. Rosan viu a massa de água pacificamente espalhada diante dela. Mas a visão não podia aliviar as suas memórias e pesadelos relacionados com a terrível noite. Ela estava pensando nisso naquele momento.
Rosan estava em lágrimas com as suas memórias. Ela sentia o sopro da morte estender a mão para ela. Wyll notara o estado de espírito de sua amiga e a abraçou com ternura. Ele sabia como ela se sentia, e isso nunca terminara.
— O passado nos atinge novamente — disse Rosan, apreensiva.
*
Lentamente, a LONDON II flutuou sobre o mar até chegar às coordenadas onde os destroços da antiga LONDON deveriam estar. Quanto mais perto eles chegavam, mais tensa era a atmosfera a bordo. Algo sombrio e misterioso estava no ar. Todos pareciam sentir isso. Particularmente Prothon da Mindros, que estava na ponte de comando, e Rosan Orbanashol, que estava no convés D e olhava o mar calmo lá fora por uma cúpula de vidro.
Mindros mandou abrir as cúpulas de vidro. O orbton Hermon executou o comando de seu almirante imediatamente. As cúpulas de vidro se abriram lentamente até estarem completamente abertas. Um vento frio sobrou entre os cabelos de Rosan. Ela estremeceu levemente.
Nordment respirou o ar profundamente, porque há quase três meses não sentia o ar fresco de um planeta. Para Rosan, isso não era importante, pois esse era um planeta infernal.
— Venham agora, estamos quase sem tempo — Cascal deixou claro para os dois. Em seguida o grupo foi para um convés mais acima.
*
— Alcançamos as coordenadas, meu almirante — anunciou Hermon pomposamente.
A LONDON II estava a cerca de três mil metros acima do mar e pairava sobre o local indicado. Mindros andava inquieto pela sala. Ele pensava constantemente sobre a mulher e filhos. O remorso o atormentava. Se ao menos ele estivesse no mesmo voo. Talvez, então teria sido diferente. Ou talvez não...
Terranos corruptos e gananciosos carregavam a culpa pelo desastre, foram responsáveis pela falta de segurança. Claro que Rodrom tinha atacado a LONDON, mas sem o descaso da Liga Hanseática Cósmica, o baluarte da economia terrana, a sua esposa e filhos ainda estariam vivos.
Os galácticos a bordo da nova LONDON teriam que pagar o preço por isso agora. Todos a bordo viajavam para participar de exumação de cadáveres. Porque a curiosidade triunfava sobre a moralidade.
Fossem terranos, blues, aconenses tópsidas ou mesmo os arcônidas. Nenhum deles a bordo dessa nave luxuosa era melhor que outros. Todos mereciam morrer. E essa era a única coisa que aconteceria a eles. Mindros deixara a raiva aflorar em si. A sua raiva não tinha limites.
— Comecem a armar as bombas — ordenou o arcônida.
Internamente uma satisfação infinita tomava conta dele. Atlan e os camelotianos tinham caído em seu blefe das bombas. Ele realmente tinha planejado colocar as bombas, mas durante os confrontos com os casaros isso tinha sido deixado para depois.
Seus homens começaram imediatamente a cumprir as suas ordens. Dentro de uma hora, as bombas estavam instaladas em pontos importantes da LONDON II. Nada mais seria capaz de interromper o destino da LONDON. Mindros sentia como uma espécie de ironia que a segunda LONDON afundaria no mesmo lugar.
Por razões de segurança, ele ordenou a realização de uma varredura subaquática. A silhueta dos restos do naufrágio foi exibida pelo monitor. A popa e a parte intermediária estavam separadas cerca de 700 metros da proa. A nave podia ser reconhecida claramente. Dentro de um raio de menos de dois quilômetros havia mais destroços, como restos das cúpulas de vidro, colunas de sustentação e torres, que haviam sido separadas da nave por ocasião do desastre. As aletas inferiores foram parar entre a popa e a proa.
A varredura tinha sido suficiente para da Mindros. Mais ele não queria ver.
— Tudo bem. Dentro de uma hora começaremos a última etapa da missão. Estejam prontos.
Ele deixou o posto de comando e foi até a célula onde Atlan estava preso. Mindros estava acompanhado por Zeronat e Flocky Tar Faw, que deveriam gravar a conversa. O ferrônio não se sentia confortável em sua própria pele, mas também sabia que no momento não havia lugar para heroísmos. Ele tinha que esperar pelo melhor momento para enfrentar da Mindros.
*
Atlan estava deitado numa cama e olhava para o teto. Ele ouviu os passos altos de da Mindros de longe. A porta da cela foi aberta. Primeiro o campo de energia, depois a própria porta.
Prothon da Mindros caminhou em direção a Atlan. Condescendente e sarcástico, ele olhou para o imortal.
— Como vai o grande Gonozal VIII? Eu espero que esteja feliz com a sua hospedagem. É digna de você.
Atlan não disse nada. Mindros sorriu.
— Tenho a impressão que você está abatido. Algum dia isso aconteceria. É uma honra para mim poder trabalhar com a pá que cava a sua sepultura.
“Resto de vômito arrogante”, ponderou o sentido extra. Atlan confirmou interiormente.
— Você pode me matar, mas deixe os outros irem embora. Eles são inocentes, não têm nada a ver com a morte de sua família...
— Já discutimos isso. Não muda nada, Atlan. Você não pode me convencer do contrário. Meu destino e o destino dos 19.000 seres vivos estão predeterminados. Você não pode mudar nada disso.
Atlan sentia as palavras finais de da Mindros. Atlan era um homem que sempre tentava encontrar um diálogo com seus adversários, mas da Mindros não deixava nenhuma brecha para debater com ele. O imortal levantou os olhos e fitou os olhos vermelhos em fogo de da Mindros.
— Sim, Mindros. Eu estou prevenido sobre isso. Brevemente eu lhe juntarei à sua ninhada — disse Atlan provocativamente.
Mindros contraiu o rosto. Com o punho fechado ele bateu no estômago de Atlan. O camelotiano desabou e caiu de joelhos. Então da Mindros chutou o indefeso Atlan até que ele ficasse inconsciente. Flocky teve que filmar tudo. Ele não podia intervir, provavelmente Zeronat o mataria a tiros. Quando da Mindros se acalmou, deixou a cela de Atlan, e só lentamente Atlan recuperou a consciência.
*
— Você já viu isso?
— Como? — ela riu alto. — Você está me parecendo um menino travesso. Bem, nós somos também muito velhos. Papai e eu queremos ser sepultados no mar.
— Do jeito que a coisa vai, seu desejo se tornará realidade em breve.
— Nós somos tão velhos.
— Eu sei.
— O que você sabe da idade? Já viu meus dedões em garra?
Ottilie Braunhauer mostrou os pés.
— Espere... aqui. Está vendo meu dedão de martelo?
— Isso me deixa doente.
— Ah, sim... os Typper viveram de fato em Waldkirch... mas em Waldkirch nós os tínhamos convidado para jantar... a Ige Bohmar.
— Cale-se, sua vaca tola!
Ottilie olhou inexpressivamente para o halutense.
— Por que você está tão nervoso? Tome alguns comprimidos. Certamente isto vai ajudá-lo.
— Eu preciso de uma lavagem forçada.
A velha olhou em volta.
— Mas não vejo nenhuma lavadora.
— Você não entende... eu... eu...
O halutense começou a se agitar e gritar como um louco. Ottilie Braunhauer tinha irritado tanto o halutense que ele precisava de uma lavagem forçada. Irritado, o halutense jogou-se contra as paredes, e em seguida contra a porta. Cada vez mais gritava tão alto que os presentes tiveram que tapar os ouvidos. Com os punhos ele não conseguiu quebrar a porta. Assim o colosso iniciou uma corrida e no meio dela efetuou a transformação estrutural de seu metabolismo. Seu corpo estava agora com a estrutura celular secundária, e avançou como um bloco de terconite de uma tonelada contra a porta de aço. Os arcônidas por trás da porta foram apanhados completamente de surpresa e quase esmagados pelo corpo do halutense. Ao mesmo tempo viram uma silhueta avançar do fundo, e reconheceram Tolk. O bárbaro estava com seu arco composto na mão, e atingiu os sobreviventes com vários disparos de flecha.
Enquanto isso, Cascal, Remus e Wyll Nordment tinham deixado seu esconderijo. Um pouco mais atrás seguiam Rosan e também Uthe Scorbit. Cascal lançou um olhar penetrante ao redor pegou uma das armas e acertou Traros Polat de lado na testa. O halutense rugiu alto e correu como um louco para o terrano, no entanto foi capaz de para a tempo. O cérebro planejador de Polat finalmente percebera que Cascal tinha desligado o emissor, que fora atingido de raspão pelo disparo. Agora o gigante estava livre para tomar as medidas contra os arcônidas.
— Rosan, é melhor amordaçar os velhos sacos de ossos, senão nosso grande amigo vai enlouquecer novamente — ordenou Joak Cascal.
Rosan sentiu-se um pouco estranha, mas seguiu a instrução de Cascal, amordaçando de verdade o casal irritante. Ela pediu desculpas várias vezes, mas realmente era o melhor para ambos.
O halutense voltou caminhando lentamente e sentou-se no chão para descansar. Cascal sentou-se ao lado do gigante de três olhos, que ainda emanava energia emocional.
— Tudo bem? — perguntou Cascal e bateu com a mão no ombro de Polat. O halutense apenas rosnou e olhou para os Braunhauer. Quando ele os viu amordaçados, começou a rir ruidosamente.
— Então meu truque deu certo.
— Que truque? — perguntou o halutense.
— Bem, nós deliberadamente mandamos esse casal Braunhauer para os arcônidas. Sabíamos que você estava nesta seção. Os Braunhauer devem ter deixado você tão enfurecido que você perdeu o medo do emissor e libertou-se.
— Então você colocou minha vida em risco?
— Mais ou menos. Uma vez que você tivesse saído, nós interviemos. Era minha tarefa destruir o emissor em sua cabeça. E, sem querer soar arrogante, foi um tiro de mestre.
O halutense rosnou novamente, e somente levantou-se e afastou-se.
— Melindroso — Cascal pensou.
*
— Agora temos uma equipe poderosa com a qual podemos conseguir alguma coisa contra os arcônidas — disse Cascal.
Eles se sentaram num grande círculo e conceberam um novo plano. Joak Cascal tinha nomeado as mulheres para novamente deixar as cápsulas de salvamento prontas para uso. Os homens deveriam tentar libertar passageiros e tripulantes. Nenhum dos dois grupos tinha uma tarefa fácil pela frente.
Cascal forçava para uma ação rápida porque da Mindros era imprevisível. Muito brevemente poderia acontecer algo ruim.
Os homens menos experientes foram instruídos por Cascal, Nordment e Tolk. HaSi se aproximou do bárbaro de Exota Alfa.
— Sandal, não sou bom para nada. Eu não trouxe nenhuma contribuição para a libertação da LONDON II até agora — disse ele, deprimido.
Tolk colocou a mão no ombro de HaSi.
— HaSi, amigo. Isso é um disparate. Você será um lutador corajoso!
— Isso pode até ser, mas não tão hábil quanto você é.
— Aqui, pegue!
Tolk colocou seu arco terrano de cordas compridas em sua mão. HaSi teve dificuldades em segurar o grande objeto. Fazer mira e atirar parecia impossível.
— Eu não posso aceitar isso.
— Sim! Pegue o arco e vamos praticar.
— Está bem.
Ele ficou tenso e quis atirar, mas a flecha caiu no chão, sem nenhum centímetro de avanço.
— Humm, vejo que temos que praticar um bocado — disse Tolk e começou a trabalhar.
*
Rosan, Uthe, Gwen da Wyfar, Eireen Monhar e Thalia da Zoltral, enquanto isso, tinham ido para o convés Z. De lá, alcançaram as cápsulas de salvamento. Em todos os lugares ainda havia a massa gelatinosa dos casaros espalhada. Os restos de suas áreas de reprodução e dos membros da VIVIER BONTAINER estavam espalhados por todos os lugares.
Uthe estava pálida e vomitou quando viu o cadáver do soldado Timmer. Rosan colocou o braço em torno de Uthe e tentou acalmar um pouco a terrana. Depois de um curto período de tempo Uthe tinha se recomposto.
Rosan tinha um mau pressentimento. Ela não conseguia definir exatamente, mas algo aconteceria em breve. Pediu para as outras três mulheres se apressarem, porém eram quase cinquenta naves esféricas que tinham que ser limpas e preparadas para partir.
Gwen já tinha preparado uma das espaçonaves e removido os piores restos de casaros para longe. Todas as cinco mulheres tiveram que manter os nervos fortes. Eireen Monhar tinha escolhido uma nave no outro extremo do hangar. Havia ainda um ovo não chocado nela. Imediatamente ela sacou o radiador e desintegrou o embrião antes que pudesse eclodir. Pensou ter ouvido um assobio atrás dela, mas atribuiu isso a seus nervos tensos. Continuou a limpeza.
Uthe e Rosan conversavam sobre a primeira LONDON. Rosan dizia que achava difícil lidar com as lembranças. Ela ainda ouvia gritos dos seres que tinham tentado desesperadamente salvar as suas vidas. Naquela oportunidade Rosan também tinha sabido da morte de Attakus Orbanaschol. Um esquadrão tinha encontrado seu corpo. Wyll hesitou um pouco antes de contar para ela. Ela desprezava Attakus por muita coisa, mas não tinha desejado a morte dele.
Huck Nagako chegou ao hangar e disse que tinha sido designado como guarda. Imediatamente ele foi até Eireen Monhar, que tinha preparado a nave para a partida.
— Oi, Eireen — ele a cumprimentou com cortesia.
Eireen estava mesmo contente por ver o japonês. Antes havia pouca cordialidade entre eles, mas ela passou a maior parte do tempo em cativeiro junto a ele, que acabou se mostrando um bom amigo.
— Olá! — respondeu ela. — Acabei de preparar a nave! — acrescentou com certo orgulho. Ele sorriu.
— Bom trabalho, senhor — ele elogiou em tom de brincadeira. Eireen o olhou diretamente nos olhos e ambos sentiram uma sensação de desejo ansioso. Ela se lançou sobre ele e o beijou apaixonadamente.
— Mas, as naves... — tentou argumentar Nagako.
— Elas podem esperar mais meia hora — ela sussurrou apaixonadamente.
Ele rapidamente abriu o traje dela e beijou seus seios. Ela gemeu alto e o agarrou com força, então ambos caíram no chão, intimamente abraçados e se amaram.
Ela ainda gemia apaixonadamente quando viu com os olhos semiabertos, o ser ofídico acima deles. Como se estivesse em transe e em câmera lenta, o viu balançar o tentáculo e atacar rapidamente. Huck não notou nada... estava ocupado com outra coisa.
O tentáculo pontiagudo perfurou suas costas. Ele gritou e cuspiu sangue. Horrorizada, Eireen o empurrou para o lado. Huck morreu rapidamente. Ela tentou pegar seu radiador, mas o casaro foi mais rápido. Em seguida, ele cortou-lhe a cabeça.
Zhjlk serpenteava sobre os corpos e olhava para eles.
— Vejam vocês, tiveram o que mereciam — ele assobiou depreciativo e se arrastou para longe.
Zhjlk foi o único que as ondas sonoras não tinham eliminado. A tempo, ele tinha entrado num traje espacial e se escondido, enquanto seus conterrâneos eram mortos pelas ondas acústicas.
Agora ele queria vingança. Como a cápsula de salvamento estaqueava as ondas sonoras, as outras quatro mulheres não tinham ouvido os gritos do casal de terranos. Cautelosamente Zhjlk saiu da nave esférica, e saiu da área furtivamente. Ao caminho dos geradores gravitacionais, ele encontrou três arcônidas, e correu rapidamente para eles, assassinando-os impiedosamente. Depois, ele preparou uma bomba para explodir após alguns minutos, de modo que ele tivesse tempo suficiente para se afastar.
Ele ativou o detonador temporizado. Tão rápido quanto podia, o casaro deslizou para fora da sala e usou um dispositivo antigravitacional, que lhe levou alguns conveses acima.
Logo em seguida a contagem regressiva tinha expirado, e a bomba foi detonada.
*
A explosão não só atingiu o bloco rígido, mas em todo o andar inferior uma onda de fogo corria pelos corredores.
Uthe ouviu o barulho estranho primeiro. Então percebeu as chamas vindo lentamente em direção ao hangar. — Oh, Deus, precisamos sair daqui — ela gritou desesperada.
Rosan virou-se rapidamente e chamou as outras. Elas correram para uma das cápsulas de salvamento e acionaram o campo defensivo. A parede de fogo varreu a nave por dois segundos e queimou os cadáveres e a massa gelatinosa em sua passagem no hangar. Os extintores de incêndio entraram em ação imediatamente e apagou o fogo.
A onda de fogo também atingiu os geradores de energia. A escotilha do complexo antigravitacional foi literalmente varrida. O mar de chamas atingiu os arcônidas no local e causou uma reação em cadeia nos equipamentos. Os geradores antigravitacionais e o sistema interno ficaram sem energia e caíram. A LONDON II imediatamente se desequilibrou e caiu de proa na água.
Os passageiros, os resistentes e também os arcônidas foram tomados completamente de surpresa pela queda de três quilômetros de altura. Muitos quebraram os ossos e alguns também morreram com o impacto. A LONDON agora flutuava calmamente na água. Ainda não tinha nenhum vazamento. A história tornaria a se repetir? Ou não?
Déjà-vu
— Devemos agir imediatamente — exigiu Cascal muito sério.
Ele próprio se armou e distribuiu armas para os outros. Dois dos opositores foram mortos durante o golpe. Brokkon tinha quebrado um braço, mas o velho cavalo de batalha não fez nenhum alarde sobre isso. Tolk empurrou o arco nas mãos de HaSi. Ambos esperavam que os exercícios tivessem sido suficientes. Em caso de emergência, muitas vezes havia tempo para apenas uma tentativa.
Wyll Nordment e Remus Scorbit queriam ir imediatamente atrás de Rosan e Uthe, mas Cascal sugeriu estabelecer um contato via rádio.
Rosan atendeu e confirmou que estavam bem. Apenas Eireen e Huck Nagako estavam faltando.
Cascal aconselhou as mulheres a preparar o mais rapidamente possível as cápsulas de salvamento e escaleres. Rosan, particularmente, não precisava ser lembrada disso. Ela ainda podia lembrar-se de como era incômodo estar na água.
O grupo de quase quinze pessoas voltou para o convés C. Havia uma grande agitação nos três conveses superiores. Os passageiros gritavam por ajuda e queriam sair das instalações, mas os arcônidas impunham brutalmente sua vontade.
*
Mindros sofreu alguns ferimentos na cabeça. Hermon informou que a LONDON II agora flutuava calmamente no mar. Mindros não quis ser medicado. Ele caminhou com passos pesados pelo convés A e olhou o oceano. O céu estava azul-claro, e alguns raios de sol brilhavam através das nuvens.
— Hoje é um belo dia para morrer!
O orbton Zeronat se aproximou de da Mindros. Ele tinha ouvido as últimas palavras de seu comandante. Eles se fitaram brevemente, e da Mindros assentiu levemente com a cabeça. Ele dera a ordem para detonar as bombas.
*
Cascal e os outros tinham se movido furtivamente para as primeiras áreas de confinamento. Sandal Tolk agarrou um dos guardas por trás e lhe quebrou o pescoço. Joak Cascal, porém, paralisou os soldados. A primeira sala foi aberta e quase 1.000 galácticos foram libertados. Remus Scorbit tentou acalmar as pessoas.
*
Zeronat foi para o controle dos detonadores das bombas. As bombas instaladas na proa foram detonadas quando ele apertou um comutador remoto. Uma enorme explosão abriu um grande buraco na proa da LONDON II. Imediatamente a nave começou a afundar.
*
— Droga! Eles explodiram um buraco na LONDON. Temos que nos apressar. Vamos sair rápido. Scorbit, temos que liberar as cápsulas de salvamento do convés A — ordenou apressadamente Cascal.
Tolk, Neumann e Polat começaram a invadir as outras salas. O halutense agia de forma imprudente e removia todos os obstáculos. Após cerca de vinte minutos, as primeiras cápsulas de salvamento poderiam ser lançadas. Como foguetes, elas se atiraram para o céu levando o primeiro grupo de seres.
Lentamente, avançavam pelo convés A e pelo Salão das Estrelas. Atlan tinha ouvido os tiros e esperava ansiosamente por sua libertação. Entre os arcônidas o caos imperava e eles não sabiam mais como agir.
— Almirante, o que devemos fazer? — O rosto de da Mindros parecia congelado. Mais uma vez seu plano não parecia funcionar.
— Atirem em todos que estiverem tentando escapar. Matem a todos!
O orbton Hermon não parecia particularmente feliz com essa ordem. Pela primeira vez ele contradisse o comandante.
— Almirante, eu não posso matar as crianças — ele afirmou.
Mindros agarrou seu primeiro-oficial e o empurrou contra uma grade.
— Isso é insubordinação. Isso é punido com a morte.
— Mas, mascant, eu sempre fui fiel a você.
— Seu covarde efeminado. Você merece a morte, mas seria muito bom para você se eu simplesmente lhe desse um tiro. Morra com os outros!
Mindros jogou seu oficial ao chão, e ele se arrastou para longe. Zeronat tinha menos escrúpulos. Ele cumpriu a ordem de seu comandante. Acompanhado de outros quase trinta arcônidas, ele disparava contra a multidão de galácticos que estava reunida no Salão das Estrelas.
Flocky Tar Faw instruiu seu sistema de câmeras móveis para gravar tudo, mas ele, vez ou outra, ajudava alguns passageiros. Para ele, seu acordo com da Mindros se originara sob coação e, de qualquer maneira, não era mais obrigatório.
O caos eclodiu novamente a bordo da LONDON. Wyll Nordment sentiu-se como estivesse cinco anos no passado.
*
Rosan, Uthe, Gwen e Thalia tentavam colocar as cápsulas de salvamento em condições o mais rápido possível. Mas nenhum passageiro tinha chegado. Rosan perguntou a razão disso pelo rádio, mas ninguém atendeu. Wyll também não conseguia explicar.
Uthe tinha descoberto os dois corpos de Monhar e Nagako.
— Alguém ainda deve estar à solta por aqui — disse Gwen.
— Do jeito que os dois foram destroçados, está parecendo coisa dos casaros — conjecturou a arcônida Thalia da Zoltral.
— Eles estão mortos — exclamou Uthe Scorbit, incrédula.
Rosan se concentrou num ruído ao fundo. Ela soube muito bem o que era. Jamais poderia esquecer. As correntes de água estavam fazendo seu caminho através dos corredores, isso era inconfundível. Era por isso que ninguém poderia vir. O caminho até ali já estava inundado.
— Temos que sair daqui — ela informou aos outros.
Quando a água chegou de um corredor, começou a encher o espaço muito rapidamente. As quatro mulheres tiveram problemas para avançar contra as ondas da inundação. Rosan e Uthe agarraram-se a uma das colunas de pouso da cápsula de salvamento, mas a água subia cada vez mais rápido.
Thalia da Zoltral lutava desesperadamente contra o fluxo. Parecia perder a batalha. Gwen chegou no andar seguinte. Rosan e Uthe lutaram para alcançar uma escada e subiram rapidamente. Não se via mais Thalia da Zoltral. Rosan suspeitava que a arcônida não tivesse conseguido salvar-se. Ela lamentou muito sua morte.
A água subia cada vez mais rápido. As três mulheres estavam correndo por um corredor fugindo da massa de água. A onda as alcançou e as empurrou pelo longo corredor. Gwen conseguiu segurar-se numa porta selada. Rosan e Uthe foram levadas mais adiante. Elas conseguiram alcançar uma escada de aço e subiram uma centena de metros. Estavam exaustas quando alcançaram o convés acima. Rosan queria fazer contato com Wyll, mas tinha perdido o intercomunicador. Encontrou apenas o sinistro emissor dos casaros em seu bolso. Ela quis jogá-lo fora.
— Em que podemos ajudá-las, senhoras? — Rosan ouviu uma voz estridente e ruidosa. Ela pertencia a Hajun Jenmuhs.
*
— Rosan, responda! — Wyll gritava desesperadamente no intercomunicador, mas ninguém lhe respondia.
Ele procurou fazer contato visual com Remus Scorbit, mas ele estava muito ocupado com as cápsulas de salvamento. Mais uma vez, dois escaleres subiram ao ar e mais 200 seres foram salvas. Wyll correu até Cascal para informar a perda de contato pelo rádio. O veterano do Império Solar aconselhou Nordment que fosse lá para baixo verificar. Elas precisavam das cápsulas de salvamento e escaleres, senão milhares de seres encontrariam sua sepultura ali.
A proa afundou mais e fez com que a água entrasse cada vez mais rápido. Era uma questão de horas até que os conveses estivessem cheios. Cascal percebeu chocado que em breve os hangares estariam inundados. Ele chamou Wyll Nordment pelo intercomunicador e pediu que ele se apressasse.
Estava ficando escuro. O sol tinha desaparecido. Três outros escaleres tinham partido. Mais trezentas vidas tinham sido salvas. Ao todo um total de dez escaleres estava no ar. 3.000 passageiros estavam salvos. No entanto, quase 15.000 ainda estavam a bordo da LONDON e queriam se salvar, mas havia apenas mais dez escaleres no convés superior. As outras espaçonaves estavam no hangar, abaixo do convés Z. Entretanto, este estava ameaçado de inundação.
Muitos passageiros ainda estavam presos. No entanto, os arcônidas não tinham mais o controle. Eles disparavam indiscriminadamente contra os passageiros. Cascal desprezava esses militares teimosos. Ironicamente, essa escória galáctica tinha mais de uma vez acusado o Império Solar de imperialismo e fascismo.
Cascal, Tolk e HaSi subiram uma escada de aço para o convés A. Com a ajuda dos escâneres individuais, eles rapidamente descobriram onde Atlan estava preso. Mas antes de chegar à cela, foram bloqueados por um ofídio. Era Zhjlk. Ele chiava furiosamente. Seus olhos negros refletiam a morte.
— Wauzis, venham! — gritou Cascal, mas o plantel de cães wauzis já estavam a bordo da RICO junto com seu mestre, Ernst Volbeck.
Sandal Tolk se lançou rugindo sobre o casaro, mas este era mais forte. Com o seu tentáculo, ele feriu o braço direito de Tolk, em seguida o derrubou facilmente. O bárbaro de Exota Alfa desabou inconsciente. Cascal puxou o radiador térmico e deu um tiro em Zhjlk, mas este teve presença de espírito, jogou-se ao chão e saltou sobre Cascal. O casaro atingiu o terrano batendo contra sua mão armada. Ameaçadoramente, Zhjlk empinou-se diante dele.
— Agora você me paga! — ele sibilou sombrio.
Cascal viu sua vida passar por ele numa fração de segundos. Ele viu os tentáculos cortantes serpenteando no ar e vindo lentamente em sua direção.
Zhjlk gritou em voz alta, seus tentáculos cedendo. Tremendo ele olhou para flecha que havia perfurado seu peito. Ele olhou para o atirador, um braço em seu quadril, o outro na proa, sorrindo ao lado do inconsciente Sandal Tolk. Zhjlk quis rastejar até ele, mas as suas forças se esvaíram. Ele não conseguiu ver mais nada e caiu no chão, onde as últimas energias foram drenadas de seu corpo de cobra.
— Uau! — foi a única coisa que ele conseguiu dizer.
HaSi ajudou Sandal Tolk a levantar-se. — É uma pena. Você dormiu demais, perdeu meu melhor tiro — HaSi riu para o bárbaro de Exota Alfa.
Tolk caminhou até o casaro morto.
— Um tiro de mestre, mas não é de admirar, com o professor que teve — disse ele em tom de brincadeira.
Tino Neumann correu em direção aos três.
— Temos que livrar Atlan agora — ele insistiu.
Cascal sabia que o membro da tripulação da LONDON estava certo.
Os quatro homens encontraram alguns arcônidas pelo caminho. Houve uma troca de tiros difícil. No centro de comando, onde Prothon da Mindros ainda permanecia, estavam reunidos cerca de cinquenta arcônidas. Aproximadamente o mesmo número estava espalhado pela nave e tentava sabotar a operação de resgate. Cascal e os outros estavam protegidos por dois minissubmarinos que foram planejados por Michael Shorne especificamente para explorar os destroços da antiga LONDON. Tino Neumann, no entanto, agia por conta própria. Ele queria libertar seu ídolo Atlan. Ele avançava lentamente pelo caminho, mas quando chegou à porta, foi atacado por um soldado. Ambos trocaram tiros, até que o soldado caiu. Neumann empurrou o corpo para fora do caminho e desativou o campo defensivo. Em seguida arrombou a porta. Atlan olhou para o terrano com espanto.
— Eu sou Tino Neumann. Estou aqui para libertá-lo.
— Essa frase eu já ouvi antes em outros lugares — Atlan observou ironicamente. Neumann lhe entregou um radiador térmico e ambos deixaram a cela.
— Obrigado pela libertação.
— Não há de quê.
Atlan sorriu. Costumava haver milhares dessas pessoas corajosas na Terra, mas agora elas eram raridade. Atlan pensou em oferecer uma posição para o terrano em Camelot, quando um raio energético atingiu Neumann em cheio pelas costas. Atlan imediatamente disparou contra o atirador e o atingiu fatalmente. Neumann desabou. Atlan o tomou nos braços.
— Pelo menos eu pude salvá-lo. Agora salve os outros... — sussurrou Tino Neumann antes de morrer nos braços de Atlan.
A fúria tomou conta de Atlan. Por que essas pessoas tinham que morrer? Por que tinha que ter uma nova guerra civil? A Via Láctea nunca iria evoluir?
Lutando, ele abriu caminho até Cascal e Tolk. Atlan informou Cascal sobre os acontecimentos atuais. Wyll Nordment chamou pelo intercomunicador.
— Eu acabo de encontrar Gwen da Wyfar. Ela informou que todo o hangar foi inundado. Thalia da Zoltral não conseguiu acompanhá-las, Rosan e Uthe estavam perto dela, mas foram separadas. Vou continuar com as buscas mais um pouco — relatou a Cascal.
Nordment encerrou rapidamente a ligação para poder procurar sua amada.
Joak cobriu o rosto com as mãos. Atlan se inclinou sobre o corrimão e viu o hangar afundado no mar. Depois ele contemplou as quatro cápsulas que estavam prontas para partir. Seis outras cápsulas ainda restavam.
Depois que o hangar afundara abaixo da superfície do mar, o pânico começava a irromper a bordo. O arcônida não queria perder as cápsulas e tentava protegê-las, e os passageiros começaram a brigar pelas oportunidades de resgate. Atlan não tinha presenciado a queda da LONDON I, mas as descrições de Perry Rhodan estavam bem vivas em sua memória. A história parecia se repetir, caso um milagre não acontecesse.
*
Remus Scorbit tinha feito um excelente trabalho até agora na evacuação. As cápsulas de salvamento partiam, às vezes até mesmo muito além de sua capacidade de passageiros. Quatorze cápsulas de salvamento lotadas estavam no ar.
Cerca de 5.500 seres tinham sido resgatados, mas Scorbit tinha notado que o hangar tinha afundado. Mesmo que o hangar fosse fechado por escotilhas, ainda estaria abaixo da superfície da água, de modo que a LONDON II tinha afundado tanto que não resistiria muito mais. Scorbit não só tinha terríveis preocupações com relação a Uthe, mas também sabia que em breve o pânico tomaria conta e uma luta pelos últimos lugares irromperia.
As primeiras pessoas se empurravam impiedosamente para chegar às cápsulas de salvamento, mas Remus Scorbit as deteve. Remus olhou para as outras cápsulas. Numa delas, Timo Zoltan, que estava com maiores problemas em preparar o embarque, selecionando passageiros na massa de pessoas. A luta contra os arcônidas havia cessado, restando apenas conflitos isolados.
— Deixem-me passar, eu sou Thomas Shmitt. Eu pertenço às Indústrias Shorne — berrava uma das pessoas.
Era mesmo Schmitt. Sobre Shorne, pouco sabia Scorbit. Provavelmente Atlan e Cascal o conhecessem melhor.
— Sinto muito, estamos enviando agora apenas mulheres e crianças — Remus Scorbit explicou em tom baixo.
Schmitt lançou-lhe um olhar de desprezo e desapareceu.
Na terceira cápsula tudo estava funcionando normalmente. Talvez fosse porque era Traros Polat quem estava controlando a evacuação. Os Braunhauer aproximaram-se da cápsula.
— Meu marido uma vez foi soterrado na guerra, então por isso adquiriu uma dor nas costas. E sua bexiga já não é mais tão forte. Existe banheiro na cápsula de salvamento? — Ottilie Braunhauer quis saber.
— Subam — disse o chefe de segurança da LONDON II, Louis Clochard. Mas a velha não ouviu.
— Precisamos saber agora, caso contrário o papai precisa voltar e... bem... buscar fraldas.
— Ahhhh! — rosnou Traros Polat. Ele agarrou os dois e os colocou na cápsula.
— Sente-se e cale a boca! — gritou ele para a velha.
Eles foram os últimos e a cápsula já poderia partir. Com um rugido alto a cápsula disparou para o céu e se dirigiu para a pequena frota, que era formada agora por escaleres e cápsulas de salvamento.
Schmitt veio correndo novamente. Desta vez, entretanto, trazia um radiador térmico. Ele se dirigiu para Shorne.
— Se não conseguimos nenhum tratamento especial, então vamos ter que lutar para isso — explicou.
— Minha carreira está no fim — suspirou Shorne, melancólico.
— Não, Michael! Nada disso. A culpa é toda de da Mindros. Você não podia fazer nada. Mas agora temos que nos salvar primeiro.
Shorne concordou e sugeriu procurar depressa uma cápsula apropriada.
Trg’arg Gyl abriu seu caminho através da multidão.
— Eu quero dar o fora daqui — ele gritou. Remus tentou detê-lo.
— Sinto muito, mas as mulheres e crianças primeiro. Você tem que entender — explicou Remus.
O tópsida fervia de raiva.
— Você é mais fraco e não tem que me dizer nada. Saia fora do meu caminho ou vai se arrepender.
Remus puxou o radiador térmico e apontou para o tópsida. Instintivamente Trg’arg Gyl recuou. Ele bufou de raiva e foi em direção ao terrano.
— Você não vai atirar.
— Eu não apostaria nisso. Vá para trás ou vou atirar em você sem dó. E isso se aplica a todos! — Remus disparou três vezes para o ar.
A massa gritou em pânico.
Shorne observou Schmitt.
— Temos que nos apressar. — Ele correu para o chefe da segurança Louis Clochard, que controlava duas naves.
— Clochard, você sempre quis um aumento, certo? — Michael Shorne colocou um maço de dinheiro no bolso do casaco do euro-terrano.
O pequeno francês concordou com a cabeça discretamente e enviou Shorne para a espaçonave. Michael sorriu para Schmitt.
— É agradável saber novamente que podemos alcançar tudo com o dinheiro. Este da Mindros realmente foi assustador. Mesmo se alguns milhares morrerem, nós discutiremos e empurraremos os arcônidas para seu devido lugar. Se acontecer uma guerra com os arcônidas, isso não me incomodará, ao contrário, a corrida pelo armamento renderá vultosos lucros.
Shorne e Schmitt subiram à cápsula de salvamento. Eles foram os últimos a embarcar. A cápsula foi lançada e só mais quatro restavam na nave. Trg’arg Gyl tentava agora a terceira espaçonave, a qual estava sendo supervisionada por Fred Gopher.
— Deixe-me passar, seu terrano miserável!
— Não, o senhor não pode.
Desta vez o tópsida não se deixou intimidar. Ele agarrou Gopher e o empurrou contra o corrimão. Espantado, Gopher empunhou seu radiador térmico em seguida, porém Gyl rendeu-se.
*
Cascal tentou contatar a RICO. Rapidamente ele conseguiu realizar uma ligação. Gerine prometeu estar dentro de uma hora em órbita ao redor da London’s Grave. Com as naves auxiliares do módulo da GILGAMESCH, o salvamento do restante dos passageiros não deveria significar mais nenhum problema.
— Um amaldiçoado longo tempo para uma nave que está afundando — resmungou Cascal.
— Nós precisamos tentar encorajar o povo. As outras cápsulas devem partir o mais rápido possível. Então começará a espera — disse Atlan.
Ele saiu e tentou animar as pessoas, mas havia muitos que não acreditavam no salvamento. Atlan viu os galácticos lutando entre si para sobreviver.
A raiva tomou conta dele novamente. Ele pegou um radiador térmico e correu para a central de comando. Tolk e Cascal o seguiram imediatamente. Houve um breve combate com os dez arcônidas restantes que estavam na central de comando. Eles puderam ser dominados. Mindros correu para fora e atirou em Atlan.
— Deixem ele comigo! — gritou Atlan para os outros.
— Tudo bem — respondeu Cascal e abaixou a arma.
Um erro, porque o orbton Zeronat deu um tiro no coronel. Um golpe atingiu Cascal no ombro. Gemendo, ele desmoronou. Sandal Tolk gritou e correu em direção ao orbton. Este ia atirar, mas seu radiador térmico tinha travado. Ele tirou seu radiocapacete e atirou no bárbaro que vinha correndo, então decidiu fugir, mas Sandal Tolk provou ser um perseguidor tenaz. Ele agarrou o oficial e os dois lutaram no parapeito. Tolk atingiu o oficial no estômago, fazendo-o se contorcer de dor, e então o levantou e o jogou na água. Imediatamente correu de volta para o amigo, que, no entanto, não estava tão gravemente ferido quanto ele achava.
Mindros e Atlan travaram uma batalha de tiros, e em seguida da Mindros subiu num dos submarinos. Atlan correu atrás.
“Você está demasiadamente velho para esta merda”, disse com cinismo o seu sentido extra, quando Atlan pulou sobre o submarino.
Ele agarrou da Mindros pelos cabelos e o puxou de volta, mas o grande homem surpreendeu Atlan com o golpe dagor, e o jogou do submarino. Em seguida deixou-se cair na água. Sem a menor cerimônia Atlan caiu no chão e se esforçou para levantar.
— Realmente estou muito velho para essa merda! — ele resmungou para si mesmo.
“O que foi que eu disse...”
O imortal escalou imediatamente outro barco e começou a perseguição.
*
— Que tal se nós colocássemos alguma música festiva? Isso também foi feito na primeira LONDON — sugeriu HaSi.
— Sim, e no TITANIC também, e o resultado fala por si... — disse Cascal, que ainda estava sofrendo pela lesão.
Doranee o medicou o melhor que pode. Pelo sistema de comunicadores de bordo, Joak tinha anunciado que a RICO apareceria em cerca de trinta minutos. Ele reduziu o tempo em meia hora, esperando que a RICO atingisse o mais rapidamente possível a LONDON.
Nesse meio tempo, Zeronat estava novamente na LONDON. Ele sabia que havia um segundo submarino num hangar pequeno na parte inferior dos conveses. Ele queria tentar escapar, então correu para os conveses inferiores.
A LONDON II inclinou-se ainda mais. Agora, até mesmo a parte vertical da nave estava sendo atingida. Outra cápsula de salvamento fora preparada. Agora havia somente três cápsulas, mas Remus Scorbit tinha alojado 310 galácticos nelas.
A tarefa agora era fazer com esta cápsula partisse. No entanto, a fixação de segurança não se abriu. Uma nova explosão abalou a LONDON II. Aparentemente um gerador tinha explodido em algum lugar. Uma enorme labareda jorrou do chão. Os seres começaram a gritar e o pânico correu descontroladamente. A LONDON afundou mais um bocado, e a água inundou toda a área.
Scorbit tentou, junto ao auxiliar ansioso chamado Chris O’Blair remover as ancoragens manualmente. Depois de alguns tiros com o radiador térmico as fixações foram destruídas e esta nave foi liberada. Mas a cápsula de Timo Zoltan foi invadida. O técnico em sintrônica não podia fazer nada contra a força esmagadora. A cápsula menor foi derrubada pelos passageiros em pânico e caiu no convés B, onde já havia entrado água. Como a cápsula ainda estava aberta, a água começou a entrar. As pessoas fecharam a porta e tentaram utilizá-la como um bote salva-vidas. Muitos se agarraram desesperadamente a isso.
— Isso vai acabar mal... — observou Cascal, convicto.
*
Wyll Nordment tinha corrido pelos corredores mas não encontrara Rosan. Nesse momento, ele tinha parado e entrado em contato com Joak Cascal, e sabia da gravidade da situação. Nordment lembrou-se o quão ruim era há cinco anos, e parecia que agora era ainda pior.
— Rosan! — ele gritou pelos corredores, mas não obteve resposta. De repente, ele ouviu passos. Imediatamente, o terrano seguiu o som, mas não era Rosan, e sim o orbton Zeronat.
O oficial imediatamente atacou Nordment. Mas Wyll aparou o golpe e conseguiu dominar Zeronat. Imediatamente, ele pegou seu radiador e o apontou para o arcônida.
— Escute, eu sei como podemos escapar — Zeronat começou a falar.
— E como?
— No convés Z há um par de submarinos, que Shorne usaria para a exploração do naufrágio. Aquele Hajun Jenmuhs descobriu e me mostrou. Lá há espaço para nós dois.
— Jenmuhs... — murmurou Wyll. De repente, veio à sua mente o pensamento de que Rosan e Uthe poderiam ter sido sequestradas por Jenmuhs. Ele esperava por isto, porque a alternativa é que elas teriam se afogado.
— Leve-me até lá e estará livre.
Zeronat concordou, mas era apenas um truque. Mal Nordment abaixou a arma, ele atacou novamente. Mas, de repente, a água jorrou com força por uma porta. Wyll agarrou-se à escada de aço e rapidamente subiu mais alto. Zeronat foi pego pela água e arrastado pelo tsunami. Seu destino estava selado.
Wyll teve que encontrar outro acesso para o convés Z, e isso lhe custou um tempo precioso.
O fim da LONDON II
Um pânico absoluto tinha começado nos conveses superiores.
A última cápsula de salvamento fora atacada. Gopher não oferecera resistência, sua vontade fora quebrada. A LONDON erguia-se com a popa cada vez mais alta. A ancoragem da última cápsula fora cortada, porém a nave esférica caiu e rolou pelo convés A. Ali alguns galácticos foram arrastados. A espaçonave parou na água. Agora não havia mais salvação. As pessoas estavam tentando abrir seu caminho para as partes superiores da nave. Cascal não tinha mais oportunidades para tranquilizar a multidão.
Agora era uma questão de sobrevivência, mas finalmente a RICO apareceu. Um grito de alegria ecoou na LONDON.
As naves auxiliares da RICO foram imediatamente liberadas dos hangares do módulo da GILGAMESCH e tentavam pousar em algum lugar nas plataformas externas. Isso mostrou-se ser muito difícil, porque a LONDON estava inclinada. Usando campos antigravitacionais, os cruzadores e space-jets flutuavam lentamente ao lado da nave para deixar as pessoas embarcarem. Cascal incitou alguns a pularem na água e de lá poderem ser recolhidos.
Ele esperava que o resgate fosse feito a tempo, porque demoraria até que 12.000 seres fossem embarcados. Mas não tinha certeza se a LONDON ficaria tanto tempo à tona...
*
Então, o nosso pequeno, bonito, bem equipado... senhoras, chegamos — babava Hajun Jenmuhs.
Ele tinha levado Rosan e Uthe a um segundo hangar, que fora projetado especialmente para submarinos. O gordo arcônida desmontou de seu okrill. Ele estava acompanhando por um escravo neronense, que ele tratava de maneira sub-humana. O dilema das duas mulheres era que ele tinha um radiador térmico e um okrill. Caso contrário, elas o teriam dominado de forma segura. Jenmuhs veio gingando para Rosan e Uthe e as encarou.
— Nós sabemos como é — ele começou a borbulhar. — As mulheres querem ser espancadas, abusadas e estupradas. Com suas saias curtas e calças apertadas elas gritam francamente por isso.
A raiva de Uthe aumentou. Ela chegou mais para perto de Rosan. Seu rosto traía a aversão a Jenmuhs.
— Nós gostamos mais de romance e ternura — tentou argumentar a jovem terrana com o gordo arcônida.
Jenmuhs riu estridentemente.
— Quem acredita... — ele resmungou e correu para perto de seu okrill. Rosan tinha adquirido um pouco mais de coragem.
— O que você está querendo conosco, gorducho? — ela perguntou desafiadoramente.
Jenmuhs aceitou prontamente este desafio da mestiça arcônida. Ele cambaleou até ela e a agarrou pelos cabelos.
— Você, putinha. Nós vamos dizer o que estamos esperando de vocês. Você e sua amiguinha estarão conosco no regresso para casa. Nós vamos até mesmo organizar uma festinha a três.
Rosan não podia dizer nada por causa da dor. Só depois de um minuto, ele a soltou e deixou-a afastar-se. Ofegante, ela caiu no chão e tentou segurar as lágrimas.
— Você esquece que um submarino não pode voar, e mesmo que você consiga chegar numa cápsula, ou até mesmo se a RICO aparecer, duvido que você seja bem-vindo.
— Com duas reféns eu serei — disse Jenmuhs com firmeza.
Rosan não disse mais nada. Jenmuhs comemorou sua vitória e riu estridentemente. Rosan ainda estava ajoelhada. Nesse momento se lembrou do emissor. Ela o tirou do bolso do casaco e ativou o controle. O okrill trotou pela sala. — Pare — ela sussurrou e o okrill obedeceu. — Sente — disse ela então, e também desta vez o sáurio correspondeu.
Ele efetivamente se sentou. A presunção de Rosan fora confirmada. Os casaros tinham implantado um emissor adicional no cérebro do okrill para proteger-se contra Jenmuhs. Provavelmente isto se sobrepunha ao emissor de Jenmuhs.
O arcônida gordo tinha, entrementes, deixado os submarinos em condições de operar. Um para si próprio e as duas mulheres. Um para o neronense, que devia guiá-lo e levar junto o okrill. Jenmuhs agarrou o neronense e arremessou o miserável para o submarino.
— Faça com que ele acompanhe, sua escória imunda! — ele gritou. O gorducho coçou a barriga e riu sarcástico. Então olhou para as duas mulheres. Ele agarrou o braço de Uthe e a puxou para si. Lentamente ele passou sua língua viscosa pelo pescoço dela enquanto com a outra mão apertava seu peito. Uthe emitiu um som de desgosto.
— Vamos tomar isso como um primeiro encontro — ele resmungou. A baba fluía do canto direito de sua boca.
— Eu não vou! — disse Uthe Scorbit resistindo. Jenmuhs riu novamente. Rosan odiava esses guinchos estridentes.
— A cadela não tem outra escolha — disse ele com superioridade.
— Então?
Uthe bateu seu cotovelo contra a barriga de Jenmuhs. Ela pode ouvir o ar assobiando para fora de sua boca. Em seguida, a pequena terrana bateu com força total em seu nariz. O gordo arcônida caiu para trás e desabou no chão. Seu nariz estava sangrando.
— Você vai se arrepender, você vai morrer! Você ouviu. Okrill, mate a prostituta, rasgue-a!
Uthe quis correr, mas tropeçou.
— Pare! — exclamou Rosan no emissor e o okrill obedeceu.
— O que... o quê? Okrill, despedace-as!
— Okrill, não!
O animal obedeceu à mestiça arcônida. Os casaros tinham feito um bom trabalho. O emissor funcionava perfeitamente e anulava os comandos de Jenmuhs. As duas mulheres ouviram a chegada da água mais atrás.
— Temos que sair daqui — gritou Uthe apressadamente.
Por um momento Rosan esteve tentada a mandar o okrill despedaçar Jenmuhs. Mas ela baixou o emissor.
— Senhora, por favor me dê... por favor — gaguejou o neronense num intercosmo pobre.
— Mas temos que sair daqui, caso contrário tudo será inundado. Você não quer estar novamente livre? — perguntou Rosan, irritada.
— Se me der o emissor, eu serei livre...
Rosan pensou por um momento, e depois olhou para Jenmuhs, que estava tentando de arrastar para longe, mas parecia estar apavorado. Nesse momento quase se podia ter pena dele. Então ela lembrou-se das cenas de seu estupro, dos assassinatos cometidos por este arcônida. Ela jogou o emissor para o neronense. Em seguida as duas mulheres correram para fora da sala.
— Então, como fica a imundície? — o neronense perguntou arreganhando um sorriso.
— Morda! — ele ordenou ao okrill, e a besta obedeceu. Jenmuhs arrastou-se embaixo de uma coluna, mas o okrill arrancou sua perna. O sangue fluiu da ferida aberta.
Jenmuhs borbulhava e encolhia seu corpo aleijado lentamente. O neronense saboreou o momento. Da escotilha um jato de água jorrou de repente. Ele atingiu o ex-escravo, que perdeu a consciência e se afogou. A água subiu lentamente. Jenmuhs não emitia mais som nenhum e aguardava o seu fim.
O mascant contra o Lorde-Almirante
Três torpedos foram disparados contra o submarino de Atlan. Mindros havia esperado pelo imortal. Ele bateu várias vezes contra a embarcação de Atlan, que girou em seu próprio eixo. Mindros jogava com Atlan. Ele manobrava habilmente em torno da parte inferior da LONDON II e golpeava Atlan.
— Seu fim parece vir mais rápido do que eu pensava, Gonozal — zombou da Mindros.
O velho arcônida não disse uma palavra, mas se concentrou em seu contra-ataque. Mas novamente Mindros foi mais rápido. De repente, ele apareceu na frente da pequena embarcação e bateu com força total. Os submarinos não tinham campos defensivos, portanto, cada ação era muito perigosa. A água penetrou no interior, mas o vazamento foi selado automaticamente. Um após outro torpedo foi disparado contra Atlan, mas o arcônida procurou proteção na proa da nave.
Novamente da Mindros tinha uma resposta pronta. Ele torpedeou uma das duas colunas da esfera. A estrutura de aço de toneladas cedeu e afundou ainda mais. Por um fio de cabelo não atingiu o imortal.
O almirante arcônida pareceu mergulhar mais profundamente. Em seguida, retornou rapidamente e fez algo que Atlan não esperava. Fez alguns disparos contra passageiros que estavam flutuando na água. Três explosões logo abaixo da superfície do mar produziram seus efeitos.
— Isso você não pode evitar. Eu posso fazer o que quiser, você não pode nem segurar uma vela para mim, velho homem.
Mindros não queria somente provocar Atlan, queria humilhá-lo, e estava conseguindo admiravelmente. O sexto sentido advertiu ao portador de ativador celular que ele deveria descansar, mas como ele poderia ficar calmo vendo seres serem assassinados?
Ele navegou em direção ao submarino de da Mindros e virou o jogo. Ambos os submarinos vieram um em direção ao outro, quando um choque violento os atingiu. Atlan perdeu a consciência por alguns minutos. Quando novamente voltou a si, o submarino de da Mindros tinha desaparecido. Seu escâner mostrou que ele estava longe, mergulhara mais para o fundo.
*
Rosan e Uthe correram para um beco sem saída. Embora a escotilha ainda aguentasse firme, fluía água pelas laterais. Nesse meio tempo, elas ficaram até os joelhos na água fria.
— Rosan — ela ouviu de longe. Respondeu à chamada, e de fato viu que Wyll vinha de um terceiro corredor. Ambos se abraçaram afetuosamente e se beijaram rapidamente.
— Vamos logo para cima — sugeriu Uthe, mas Wyll balançou a cabeça.
— O acesso já está inundado, mas sei que ainda existem submarinos, com os quais podemos nos salvar.
— Uthe e Rosan se entreolharam. Rosan contou a Wyll o que tinha acontecido e eles correram para o hangar dos submarinos. Uma enorme mancha de sangue flutuava na água. O neronense derivava morto na água.
Jenmuhs ainda estava na plataforma e deu seu último suspiro. Agora ele pagara o preço. O okrill estava sentado gemendo diante de seu mestre. Aparentemente ele também possuía alguma afinidade com o mestre, mesmo sem o emissor.
Quando o gordo arcônida tinha sangrado miseravelmente e parado de respirar, o okrill agarrou-o pelo pescoço e o arrastou para baixo. O okrill trotou até a escotilha onde a água escorria e mergulhou juntamente com seu mestre.
Wyll e as duas mulheres assistiram ao estranho espetáculo em silêncio.
Hajun Jenmuhs estava morto!
*
— Gerine, os space-jets devem descarregar o mais rápido possível — gritou Cascal.
A LONDON tinha afundado até a primeira torre cada vez mais rápido. Os space-jets e cruzadores voavam para a nave o mais rapidamente possível, mas a carga e descarga de passageiros levava muito tempo. Veículos anfíbios e insufláveis foram lançados na superfície da água. Os passageiros nadavam até ele. Ilhas foram formadas com campos de energia moldada sobre a superfície na água.
Remus Scorbit entretanto tinha sido apanhado pelas enchentes. Com grande dificuldade, ele tentou agarrar-se à cápsula de salvamento caída. Chris O’Blair também se agarrou.
— E eu ainda tive a ideia de embarcar nesse cruzeiro estúpido — queixou-se.
Os seres corriam em pânico para a popa da LONDON II. Impiedosamente, empurravam outros galácticos mais lentos.
Mais uma vez, space-jets pairavam junto aos corrimãos, e Cascal exortava o maior número possível de galácticos a embarcarem.
— Vá! Voe agora! — Cascal berrou para o piloto, que obedeceu imediatamente. A evacuação estava em pleno andamento, mas o tempo corria. Os galácticos gritavam em desesperos, alguns já desistiam.
Furioso, ele jogou o comunicador para longe. Tristemente ele olhou para as pessoas que lutavam na proa por suas vidas. Logo a água iria atingir a popa. Os seres mergulhariam abruptamente junto com a nave. Um resgate aos poucos ia se tornando uma impossibilidade. No entanto, ele não desistia. A maioria dos passageiros já tinha sido salva, mas havia o resto. Cascal incitava os pilotos dos space-jets, bem como os membros da tripulação, que heroicamente contribuíam para o trabalho ser mais rápido.
O oficial Hermon também lutava por sua vida na altura da ponte de comando já afundada. Algumas escotilhas se romperam e a sucção o arrastou para a morte.
*
Rosan, Wyll e Uthe tripularam um dos submarinos que estava aberto. A água já chegava com firmeza, mas na cápsula eles estavam a salvo. A pequena nave partiu e deixou a LONDON. Então rapidamente a viu novamente. Wyll abriu a escotilha e viu a LONDON II parada quase verticalmente na água.
— Oh, meu Deus... — sussurrou Rosan.
— Estou contente que nós não precisemos passar novamente por esse horror. Que Deus proteja os seres restantes a bordo da nave — Wyll falou, quase em oração.
Ele observou enquanto os space-jet faziam seu melhor, iam e voltavam para a nave, mas ela derivava cada vez mais. O primeiro galáctico caiu.
— Remus... — sussurrou Uthe.
*
— Segure! — Cascal gritou para uma mulher e tentou estender-lhe a mão, mas ela deslizou pelo corredor até que caiu na água com um espirro. A cápsula de salvamento com Remus Scorbit e os outros, assim como Chris O’Blair e Timo Zoltan havia se afastado cerca de 400 metros da LONDON. Os sobreviventes esperavam que a ressaca não os destruísse, certamente, 400 metros teriam que ser uma distância segura.
Porém o milagre foi realizado. Nos últimos 30 minutos, todos os 12.000 seres ainda restantes na LONDON tinham sido evacuadas. Elas estavam na RICO, nas ilhas formadas com energia moldada ou dispositivos antigravitacionais, ou tinham sido transportadas pelas espaçonaves. Eram formas pouco ortodoxas, mas as vidas tinham sido salvas.
— Joak, o space-jet já não pode fazer mais nada, a LONDON está muito inclinada, essa é a última viagem. Vamos agora! — Tolk chamou o amigo.
— Não, vá você. Vou deixar a nave por último.
— Não!
Cascal não queria discutir. Ele paralisou o bárbaro de Exota Alfa e o entregou a Traros Polat, porém o halutense apenas o embarcou. Ele pulou na água, de modo a abrir espaço para outros. Alguns galácticos flutuando na água usaram Polat como uma boia salva-vidas.
O halutense nadou rapidamente para longe da LONDON II, que se erguia como uma vela no céu. Provavelmente ainda uma centena de seres ainda estivesse a bordo da nave condenada.
O restante pode ser evacuado. Talvez uma centena de pessoas tivessem perdido suas vidas durante o naufrágio, mas a maioria fora salva. O horror de cinco anos atrás não mais se repetiria.
Só mais umas cem pessoas a bordo da LONDON II. Agora ela afundava completamente. Space-jets sobrevoavam a nave e tentavam segurá-la com raios tratores.
Mathew Wallace levou o space-jet diretamente para o corrimão da proa, onde Cascal ficara. O terrano aparecera no momento certo e mantivera as colunas de pouso estendidas. Em seguida, o space-jet decolou enquanto o fim da LONDON II se concretizava, após seus propulsores terem penetrado na água.
*
O submarino de da Mindros mergulhava cada vez mais fundo, mas Atlan permanecera atento. O submarino tinha apenas alguns projéteis para abater todos os predadores. Portanto, Atlan tinha uma munição limitada. Ele tentou convencer da Mindros a se render, mas isto acabou sendo uma tarefa impossível.
Embora da Mindros tivesse uma maior vantagem, o terreno no fundo do mar era muito plano, não havia lugar onde pudesse se esconder, exceto... exceto um. Atlan ativou o localizador e o enorme naufrágio apareceu. Ele viu um pequeno ponto se aproximando lentamente da LONDON. Mindros queria se esconder nos destroços cheios de defuntos, mas o imortal queria atrapalhar seus planos.
Lentamente ele foi para o naufrágio. Ele se aproximou primeiro da proa. No caminho para a primeira parte do naufrágio, Atlan descobriu muitos itens que pertenceram à nave. Ficou estranhamente quieto quando estava na proa. Ele ativou a iluminação externa e as câmeras. O projetor luminoso corria por toda a superfície. Encontrou sapatos velhos, máscaras, óculos de proteção e intercomunicadores espalhados pelo chão do convés A. Ele se aproximou da ponte. Lá, o capitão James Holing morrera durante o naufrágio. Atlan tinha a sensação de que sentiria a presença do falecido. Um arrepio percorreu sua espinha.
“Não se faça de louco”, admoestou seu sentido extra. Ele estava certo. Atlan tinha que se concentrar em da Mindros, mas era muito difícil. Algo especial cercava os destroços da LONDON.
“Como se sentiria Perry Rhodan numa situação dessas?”, ele pensou. A cápsula avançava agora pelos corredores, pelo menos pelos mais largos. De repente, ela foi atingida pela traseira. Imediatamente ele virou o submarino. Era da Mindros.
— Agora vou preparar seu fim, Gonozal!
Várias vezes recebeu o golpe de projéteis. Antes que a fuselagem fosse gravemente afetada a ponto de haver uma descompressão, o imortal preferiu escapar. Ele manobrou o submarino para fora da proa e foi para a popa. Mais uma vez uma estranha sensação da presença dos mortos se apoderou dele.
“Concentre-se!”
“É difícil...”
“Também para ele, talvez?”
Atlan rapidamente entendeu o que queria dizer seu sentido extra. Ele se dirigiu para a popa e entrou em contato com da Mindros.
— Aqui eles morreram. Aqui eles lutaram desesperadamente para sobreviver, mas foram arrastados para a morte. Você pode sentir isso também, Prothon?
O submarino de da Mindros parou. Ele estava pensando novamente em seus três entes queridos. Da mesma forma que Atlan, ele acreditava sentir os mortos. Seu sofrimento e a luta desesperada que eles tinham perdido há cinco anos. Mais uma vez ele via diante dos olhos quando seus filhos se afogaram nas inundações.
Eles deviam estar tão assustados. O que acontecia com eles quando o ar saía e a água penetrava em seus pequenos pulmões? Por que ele não estava lá para poder ajudá-los?
— Sinto muito, meus filhos. Sinto muito, Terza — disse ele em voz alta. O comunicador de da Mindros estava ativado, e Atlan podia ouvir o que ele estava dizendo.
— Eu quero vocês. Eu sinto vocês...
A experiência de Atlan parecia funcionar. Talvez da Mindros estivesse pronto para desistir. Talvez tivesse percebido no túmulo de sua família os erros que cometera. Mas Atlan não ficou nada surpreso quando ouviu da Mindros.
— Mate-me, Atlan.
— O que?
— Você precisa me matar, se não fizer isso, vamos nos encontrar na morte.
Mindros deu a partida no submarino e a pequena cápsula rugiu em direção à de Atlan. A distância diminuía rápido.
O mascant ativara seus torpedos e estava prestes a dispará-los, mas Atlan foi mais rápido. Num segundo ele pensou se devia disparar, no segundo seguinte já havia apertado o botão.
Mindros esperou os projéteis com uma postura rígida. Os dois torpedos atingiram o submarino, que explodiu imediatamente. Os restos da pequena nave caíram na popa dos destroços. Prothon da Mindros encontrara seu lugar de descanso final junto aos seus. Agora ele reencontrara sua família. Sua dor e sua solidão tinham feito dele um monstro, mas agora o terror chegara ao fim.
A cápsula foi abalada por uma forte turbulência. Chocado, Atlan viu a LONDON II, que descia em alta velocidade para o fundo do mar e atingiu a LONDON. Atlan engoliu a seco quando viu os dois naufrágios quase justapostos. Ele esperava que a maioria tivesse sido salva.
Atlan guiou sua cápsula para longe dos naufrágios das LONDON. Ele esperava que ninguém mais tivesse que olhar para eles.
O capítulo da LONDON foi fechado... finalmente acabara.
Salvos
Quando a cápsula de Atlan emergiu, ele viu muitas naves auxiliares da RICO subindo ao céu enquanto outras naves auxiliares flutuavam sobre a água para recolher os passageiros que flutuavam na água à espera de ajuda.
A RICO tinha chegado no último instante. Novamente a nave tornara-se a salvadora para os passageiros da LONDON. Atlan fez contato pelo rádio e recebeu as primeiras estimativas de vítimas na ordem de várias centenas de seres. Aliviado, Atlan percebeu que a RICO fizera um trabalho bem feito e bem a tempo.
No total, durante o sequestro, mais de 4.000 seres encontraram a morte. Passageiros da LONDON, soldados de da Mindros, a tripulação da BONTAINER e alguns da RICO.
Claro, ele lamentava pelas vítimas. Mas estava feliz com o resgate de outros seres da Via Láctea.
Atlan se dirigiu para uma das balsas salva-vidas, onde viu um segundo barco.
Entre as pessoas conhecidas que ele viu, estavam HaSi e Gwen da Wyfar, que pareciam muito encharcados.
Em cada rosto, também havia tristeza.
Atlan confortou essas pessoas. Ele cuidou de tantos quanto foi possível. Fred Gopher estava sentado sobre uma caixa de madeira e olhava para longe. Trg’arg Gyl e Sven Fochtmann contaram como foram salvos. O imortal riu até as lágrimas quando viu os Braunhauer abraçarem Traros Polat. O halutense provavelmente estava contente que este casal irritante tivesse sobrevivido. No entanto, Atlan tinha certeza que Polat nunca mais queria vê-los.
Brokkon, Reta H. Ecal e Hanny tar Padua estavam juntos. Flocky tar Faw estava novamente com sua câmera e fazia um discurso edificante.
— Senhores telespectadores, nós nos tornamos testemunhas de um evento histórico. A LONDON II afundou, mas a luta desesperada pela sobrevivência dos passageiros, graças aos atos heroicos dos camelotianos, de alguns heróis altruístas e alguns tripulantes da LONDON II, foi ganha! O triste destino da LONDON não se repetiu — disse Tar Faw feliz.
Michael Shorne e Thomas Schmidt, cheios de hipocrisia, estavam à frente cuidando dos passageiros. Os dois foram até Tar Faw e deram uma entrevista exclusiva.
— Estamos chocados com o afundamento da LONDON. No entanto, as Indústrias Shorne e Companhia não tem culpa. Nós também fomos vítimas dos arcônidas, que são os responsáveis pela morte de centenas de seres — disse Shorne tentando novamente limpar sua barra.
Armon von Ariga rodeou Atlan pelo pescoço e expressou seu alívio.
Mathew Wallace também estava ali. Ele sorriu maliciosamente. Ariga cutucou o escocês.
— Rapaz, belo voo!
De longe, o imortal avistou Joak Cascal e Sandal Tolk, Timo Zoltan, Chris O’Blair e os dois Nordment. Rosan abraçou um homem idoso, que Atlan identificou com Franc Kowsky. Ele também provavelmente, tinha sido sobrevivente do primeiro naufrágio.
Wyll e Rosan tinham passado pela segunda vez pelo terror e sobrevivido. Nada mais poderia separar esses dois. Satisfeito, Atlan viu também Remus e Uthe Scorbit que se abraçavam e trocavam beijos.
— Eu vou voltar para Camelot — disse Rosan. — Eu quero viver para sempre junto a Wyll, e certamente haverá uma tarefa satisfatória para mim no mundo dos imortais — acrescentou com um sorriso.
— Bem, eu poderia arrumar uma vaga de faxineira... — brincou Atlan.
Rosan lhe lançou um olhar venenoso, mas não sério, antes que os três começassem a rir.
— Senhor — o portador de ativador celular ouviu uma voz familiar dizer.
— Cascal! Mais uma vez você é um herói. Ouvi falar de seus feitos durante a evacuação. Agora, com razão, você pode se considerar um general.
Cascal estava pouco feliz com a situação.
— General de quê? O Império Solar não existe mais, e as fileiras da LTL estão fora de alcance — ele explicou.
Atlan colocou o braço no ombro de Cascal.
— Seria uma honra se você pudesse servir a Camelot.
Cascal fez um gesto defensivo. — Eu não sei, senhor... — disse ele, evasivo.
— Com algumas condições, talvez — acrescentou cuidadosamente.
— E quais seriam? — Atlan estava pronto para ceder a todos os desejos.
— Bem, uma bela casa na praia, uma governanta bonita, um parque infantil para Sandal e seu arco e...
— E?
— O comando de uma nave espacial.
— Com certeza!
Ambos apertaram as mãos e abraçaram-se brevemente. O space-jet decolou para levar os passageiros para a RICO.
Começou a chover.
— Vamos deixar este planeta inóspito, quero ir para casa, senão vou pegar um resfriado! — disse Atlan, em conclusão.
“Eu digo que sim, você já está velho para essa merda!...”
*
Joak Cascal e Sandal Tolk sentaram-se no jardim da pequena casa que Homer G. Adams havia disponibilizado como alojamento provisório. Cascal tinha dado seu adeus oficialmente à sua comissão da Frota Solar e todas as ofertas da LTL, para entrar em seu novo serviço.
Um pouco mais tarde, o sistema de comunicação avisou que chegara uma visita. Os dois veteranos olharam para a mulher que entrava no jardim nesse momento.
— Ei, Gunnie, eu realmente não posso mudar sua opinião? — perguntou Cascal à mulher que trazia uma criança pequena em seus braços.
— Não, chefe, uh, Joak. Eu fiz uma promessa a uma mãe agonizante e não vou quebrar. Eu espero deixar tanto Camelot quanto a LTL e procurar um lugar onde nós dois estaremos seguros. Graças a vocês, eu agora disponho de fundos suficientes para oferecer uma segurança e esperança de futuro, e estou disposta a fazer tudo para que essa criança possa crescer como uma mulher confiante. Nós lhe somos gratos por isso.
Cascal minimizou.
— Aquilo foi casual — respondeu ele um pouco envergonhado.
Depois de uma pequena conversa inconsequente, Mary Ann Shekko disse adeus aos dois e partiu de Camelot.
— Você não acreditaria nisso — disse Cascal para seu amigo Sandal — Gunnie Mary era a mulher mais louca que eu conheci, e agora isso!
— Eventos mudam as pessoas — disse Tolk.
O coração de Cascal apertou. Seu amigo estava certo. Joak pensou nos acontecimentos dos últimos dias, a morte de sua esposa Zélia e seu filho por nascer. Isso também o mudou...
FIM
A maioria dos passageiros e tripulantes da LONDON II foi salva. A vingança do mascant condenou a ele mesmo. Mas agora Mordred parte para a ofensiva. No décimo segundo romance de Ralf König e Nils Hirseland eles retratam o:
ATAQUE A CAMELOT
Este romance encerra o subciclo da LONDON, recheado com muitos personagens importantes que foram introduzidos no projeto Dorgon.
Nos romances seguintes, novamente estará em primeiro plano os confrontos com Mordred, que parece ter como meta apagar Camelot como um fator de potência na Via Láctea.
Gostaria de usar a oportunidade para discutir os problemas que um autor tem com as tecnologias do Perryverso antes da elevação da hiperimpedância do ano 1331 NCG, e descrever minhas considerações:
Exagero de um milhão de vezes
A tecnologia do Perryverso, por volta do ano 1300 NCG, para o projeto Dorgon está no fato de que praticamente tudo que tem o prefixo “hiper” é um assassino de tensão dramática dentro de um romance. Eu quero apenas falar de palavras-chaves aqui...
Hiperentropismo
O hiperentrópico ou perpetuum mobile do Perryverso. Assassino de tensão (dramática), porque a energia é praticamente ilimitada. As espaçonaves são, em grande parte, independentes de quaisquer bases.
Metagravidade
O gravopropulsor é a realização do princípio de Munchausen, quando a espaçonave se move no limiar do espaço einsteiniano, no hiperespaço. Assassino de tensão, porque na prática apenas energia é consumida e ela está disponível em quantidades ilimitadas (ver hiperentropismo). Como fica claro nos propulsores de impulso rugindo e vibrando, com a peculiaridade de distorcer e saltar para uma transição imprecisa para escapar de qualquer problema a bordo de uma nave espacial danificada.
Tecnologia de armas ofensivas e defensivas
Aqui os milhões de exageros no verdadeiro sentido da palavra, que devem ser revertidos por medidas de proteção adequadas (ver minhas considerações seguintes).
Muito popular entre os autores é, por exemplo, qualquer ação sobre ataques em espaçonaves, termina com comandos de abordagem lutando contra os tripulantes pela sobrevivência, só que dentro do perryverso, de fato não há consequências em relação a danos na nave espacial.
A situação atual é a seguinte:
Enquanto o campo paratron existir, a espaçonave está em segurança, mas quando desestabilizado (por qualquer motivo), significa um passeio garantido pelos felizes campos de caça do paraíso (com um Big Bang e consequentes resíduos em nível molecular). Então, mais uma vez para esclarecimento, destroços da nave espacial sem feridos, ninguém heroicamente aborda a nave para resgatar os sobreviventes, deixando apenas uma nuvem de plasma que se distribui no Universo. Essa ação tecnicamente é um pesadelo.
Para esclarecer de uma vez, vamos tomar uma nave de guerra “menor”:
A salva de um cruzador leve em ação na época, da classe CERES, consiste em 14 canhões conversores, cada um com 3.000 gigatoneladas de TNT comparativamente, o que corresponde a uma saraivada de TNT de 42.000 gigatoneladas. Se despendido normalmente a bomba de fusão HHE (algo como bombas de hidrogênio), que geram de acordo com a perrypedia e várias páginas de informação, uma temperatura de mais de 100 milhões de graus Celsius. O aço inquelônio-terconite que reveste as naves espaciais tem resistência para uma temperatura de, no máximo, 100 mil graus Celsius. Para comparar, a bomba de Hiroshima teve um efeito explosivo de 13 mil toneladas de TNT, a mais poderosa bomba de hidrogênio já construída (bomba ZAR, da Rússia), teve uma força explosiva de 60 megatoneladas.
O que a ação de radiadores de impulsos (temperatura média de mais de 100.000 graus C) ou térmicos (temperatura média de mais de 200.000 graus C) provocaria em espaços fechados, qualquer um é capaz de imaginar. Na verdade, devemos ver todos os cidadãos do século 13 NCG protegidos por um SERUN com campo paratron ativado, de outro modo seriam apenas carnes grelhadas!
É por isso que trazemos novamente armas de projéteis revisadas, como armas de agulhas, para uso nos confrontos em operações.
Jürgen Freier
Casaros
Os casaros são um povo de seres semelhantes a cobras, que se destacam como guerreiros e cientistas a serviço de Rodrom. Não se sabe muito sobre os casaros. Eles, obviamente, vivem em dobras de espaço-tempo. Embora estes répteis sejam muito agressivos por natureza e gostem de lutar, são usados como cientistas.
Numa dobra de espaço-tempo no espaço vazio entre a Via Láctea e Andrômeda, eles dividiram um planeta em campos temporais e mundos holográficos. Lá viveram principalmente terranos. Os casaros tinham sido contratados para estudar os terranos e fornecer informações valiosas sobre seu comportamento para Rodrom e Cau Thon.
A tripulação da DET no Grupo Local que tentava conquistar a LONDON foi destruída. Sobre outras estações ou dobras de espaço-tempo dos casaros nada se sabe, e é muito provável que existam mais.
Hajun Jenmuhs
Um sádico arcônida vindo da alta nobreza do Império de Cristal. Hajun Jenmuhs é um aristocrata arcônida contemporâneo e sádico. Ele e seu irmão gêmeo Uwan Jenmuhs pertencem à elite do Império de Cristal, embora não sejam necessariamente populares nos círculos aristocráticos por conta de suas maneiras excêntricas e muitas vezes primitivas.
Enquanto Uwan Jenmuhs é engajado política e economicamente, Hajun é um bon vivant, que gosta de desperdiçar dinheiro e torturar seus servos.
Pelo ano de 1290 NCG, acompanha seu amigo Attakus Orbanashol na LONDON II, onde espera desfrutar o prazer aventureiro desta viagem.
Durante o sequestro da LONDON, Jenmuhs mostra sempre seu pior lado. Ele se junta a Prothon da Mindros e se torna o supervisor dos prisioneiros. Ele usa sua posição e a presença perigosa de seu okrill, que é controlado por um emissor devidamente implantado no cérebro, como meio de controle, e até mesmo estupra Rosan Orbanashol. Durante o ataque dos casaros à LONDON, Jenmuhs tenta obter a confiança deles, lutando com seu okrill contra os rebeldes nos hangares. Ele tem sucesso com isso, mas há um a luta com Rosan, Uthe Scorbit e Wyll Nordment. Rosan conseguiu a posse de um emissor e com ele traz o okrill sob seu controle, incitando-o contra Jenmuhs. O animal acaba com a vida do arcônida sádico.
Timo Zoltan
Timo Zoltan é um especialista terrano em sintrônica, e em 1290 NCG embarca como passageiro na LONDON. Ele é magro, tem cabelos castanhos curtos, um rosto cheio de espinhas e usa óculos projetados com todas as propriedades técnicas possíveis. Ele também é um apaixonado por jogos e quebrou vários recordes no jogo “Rota para Andrômeda!”.
Zoltan desconfiou e desmontou o suposto paraíso que era como uma espécie de invólucro para as pessoas, criado pelos casaros. Quando a verdade veio à tona, atacaram os casaros e fugiram com a BONTAINER. Zoltan, Cascal, Tolk e outros vão parar na LONDON II depois da destruição da BONTAINER, e mais tarde são resgatados por Atlan.
Mary Ann “Gunnie” Shekko
A Tenente Shekko, em 3460 AD, era especialista do sistema de armas do ultracouraçado da classe de batalha VIVIER BONTAINER, e foi considerada uma dos melhores oficiais de artilharia da Frota Solar. Durante sua carreira militar ela foi promovida e rebaixada várias vezes, porque sempre entrava em conflito com oficiais superiores. Quando o coronel Joak Cascal assumiu o comando da BONTAINER, colocou-a como analista do sistema de armamento.
Externamente, ela é desfigurada por cinco cicatrizes pretas do lado direito da face, onde usa diferentes joias como piercings. Essas cicatrizes são resultados de uma lesão sobre a qual ela permanece em silêncio. Todas as tentativas médicas de regenerar o tecido das cicatrizes até agora fracassaram.
1Nota do revisor: os GUN-Jets são pequenos modelos especiais de space-jets com 8 metros. Geralmente ancorados nas microcorvetas para uso em tarefas de combate espacial.
2Nota do revisor: um dos She'Huhan dos arcônidas, Ipharsyn é o Deus da Luz e Trindade.
3Nota do revisor: os robôs MODULA são um dos produtos internos mais sofisticados do projeto Camelot. Originados dos laboratórios cibernéticos em colaboração estreita com os siganeses, o robô MODULA é o resultado final de um extenso projeto de sinergia, o que provavelmente só pode ser executado em Camelot. Foram juntadas todas as características mais marcantes da tecnologia de robôs em modulares dos galácticos e combinadas num novo conceito robótico. O resultado é o robô MODULA que, com base num modelo básico, é fornecido com uma pluralidade de módulos, com objetivo as várias tarefas a cobrir. Os principais modelos já predefinidos em geral são: básico, robô de guerra, medorrobô e utilitário.
4Nota do tradutor: complexo de Kasper-Hauser – complexo característico da solidão interior e incapacidade de manter contatos.
5Nota do revisor: o autor colocou originalmente terrano mas, HaSi é um cheborparnense e só havia ele, Tolk e HaSi na cena… Portanto, Sandal só podia olhar espantado para o cheborparnense.
6Nota do revisor: não é mencionado no Dorgon 10 que é Sato Ambush mas, como não deixa dúvidas aqui, a “voz” que “repreende” o Alysker durante a ação do Dorgon 010 – Duelo dos Arcônidas, é mesmo de Sato Ambush, que foi resgatado por Alysker durante os eventos do Dorgon 007 – Batalha por Saggittor.